Tuesday, July 31, 2007

Pesquisa de campo que nada!

Estou atrasadíssima com os posts deste blog. É que nos últimos meses o tempo ficou escasso. Mas logo resolvo isso.

Na semana passada, em uma aula do doutorado, um colega disse ao professor que está escrevendo sobre a proximidade entre as culturas japonesa e grega. Lá pelas tantas, disse que foi ao Japão fazer uma pesquisa de campo. Isso mesmo: foi ao Japão para fazer uma pesquisa de campo.

Puxa, eu não sabia que o Japão era logo ali.

Também não sabia que para se fazer um trabalho teórico desta natureza era preciso ir ao Japão.

Estou perdida. O que faço com minha pesquisa sobre os sofistas, que viveram no século V a.C.?

Terei de inventar uma máquina do tempo?

Vai ver que "pesquisa de campo" virou sinônimo para "sou besta".

Sunday, July 29, 2007

O fantasma de Dean Martin

Kevin Spacey gravou dois duetos com o falecido ator/cantor/comediante Dean Martin e, veja só, sentiu a presença do morto no set de gravação!

Não é lindo?

Lá pelas tantas, Spacey gritou: "Ele está aqui, ele está aqui!"

Puxa. Eu também quero.

Mas sem pinga não dá.

Friday, July 27, 2007

Força de vontade zero

Uma mulher americana, que fuma há 23 anos, resolveu parar. Desesperada, após inúmeras tentativas infrutíferas, pediu para ir prá cadeia. Acha que, se ficar presa alguns dias, tudo se resolve.

Coitada. Bastava virar budista.

A polícia negou o pedido. Claro.

E ela continua fumando. Claro.

E ganhou fama por um dia. Claro.

Wednesday, July 25, 2007

Proibido morrer

Na ilha grega de Delos, no Egeu, estava o templo dedicado a Apolo; ali haviam nascido os deuses Apolo e Ártemis, filhos de Zeus com Letho. Era, portanto, um lugar sagrado. Tão sagrado, que ninguém estava autorizado a morrer ali. Para garantir que isso não acontecesse, as mulheres grávidas, os idosos e os doentes eram retirados da ilha, para morrer em outro lugar, se fosse o caso.

Suponho que também não havia crimes por lá, e que ninguém morria de algum mal súbito. Se acontecesse, aposto que os gregos explicavam o fato dizendo que era a vontade de Zeus.

Fazer o quê, né?

Tuesday, July 24, 2007

O homem da montanha

Em 572 a.C. o estratego ateniense Sólon retirou-se da vida pública. As reformas que havia feito resultaram no surgimento de três partidos políticos em Atenas: o da Planície, conservador, chefiado por aristocratas latifundiários; o da Costa, dominado por ricos comerciantes e armadores e o partido da Montanha, dos trabalhadores urbanos e rurais.

Um dia o chefe da Montanha , Psístrato, se apresentou à Assembléia alegando ter sido ferido por inimigos políticos e pedindo, para sua proteção, 50 homens armados.

A lei proibia que alguém tivesse guarda particular, para impedir pretensões revolucionárias.

Chamaram Sólon, para ajudar a resolver o problema. Sólon alertou os atenienses das consequências de atender ao líder da Montanha, mas como ele pertencia ao partido da Costa, e tinha contra si também a Planície, a intervenção de Sólon serviu apenas para dar mais força a Psístrato, que obteve autorização para reunir e armar 400 soldados, em vez dos 50 solicitados.

O resultado imediato foi o previsto por Sólon: Psístrato tomou o poder e tornou-se tirano. Seu governo sobre Atenas durou até sua morte, de causas naturais, 19 anos depois.

Apesar do modo como havia chegado ao poder, Psístrato não foi mau governante. Deu continuidade às reformas de Sólon, submeteu-se ao Senado e à Assembléia e conseguiu fazer uma reforma agrária tão bem planejada que perdurou por muito tempo e não chegou a desagradar nem aos latifundiários, nem aos trabalhadores.

Sunday, July 22, 2007

Teoria maluca sobre Lost (5): Êxodo

Assisti, ontem, ao último episódio da terceira temporada de Lost. Decepcionante. Me deixou com a sensação de total perda de tempo.

Considerando que são três temporadas de cerca de 24 episódios, com uma hora de duração cada um, a perda é irreparável.

Mas isso é normal, viu? Com Lost, nunca podemos saber se estamos assistindo a um seriado genial, ou o contrário. Tudo é possível.

Well. Como dizia o bom e velho Lacan, há que se inventar.

Inventemos, então.

Formulei uma teoria também sobre o final da terceira temporada, mais para me convencer de que vale a pena continuar assistindo à série, que por qualquer outra razão.

A teoria é a seguinte: temos a impressão de que os sobreviventes do vôo 815 saem da ilha ao final da terceira temporada. Ledo engano. Se observar bem, da euforia com a possibilidade de sair da ilha, passamos para um Jack em outra vida, bêbado e drogado, querendo voltar para a ilha. Separando as duas cenas, temos o seguinte: de um lado, os sobreviventes conseguem contactar um possível navio de resgate, mas a história não continua daí.

A cena que sugere uma continuação, a de um Jack infeliz, na verdade é apenas uma visão de Desmond que, depois da morte de Charlie, fica sem ter o que fazer e começa a prever o futuro em outra direção.

O navio de resgate é mesmo do inimigo, aquele povo que aterrorizava a vila onde o Ben Linus garoto vivia. Quando Ben mata as 40 pessoas de sua "tribo", de algum modo consegue afastar os inimigos da ilha. Controlando a comunicação, impede que ela seja localizada.

Isso vai muito bem até o vôo 815 chegar à ilha, por obra e graça de Desmond.

Quando os inimigos chegarem, na quarta temporada, os sobreviventes do vôo 815 serão obrigados a se unir aos Outros contra o inimigo comum.

Desmond vê o futuro de Jack e de alguns outros, caso deixem a ilha, e decide interferir, impedindo que a comunicação com o navio resgate seja concluída, o que evita que os inimigos encontrem os 40 peregrinos.

Os seres vivos da ilha, até agora, são:

- os sobreviventes do vôo 815;
- os Outros (Ben e seus comandados);
- os Outros dos Outros (os aborígenes, inimigos naturais dos invasores da Dharma, aqueles que andam descalços e moram em cabanas);
- os Outros dos Outros dos Outros (alguns dos sem-sapato saíram da ilha, no passado, para buscar ajuda contra os Outros. Ao tentar voltar, não conseguiram encontrá-la, porque Ben bloqueou a comunicação).
- Danielle, a fauna e Jacob.

Ixi.

Não sei se quero entender isso não.

Friday, July 20, 2007

Teoria maluca sobre Lost (4): Kharma

Esqueci, ao falar sobre os nomes dos personagens de Lost, de um especialmente importante: Dharma.

Dharma refere-se a Kharma (mantenho o "h"). Isto significa que o projeto Dharma é o Kharma dos sobreviventes do vôo 815. E que estão todos na Matrix.

E é só.

Thursday, July 19, 2007

Teoria maluca sobre Lost (3): a trama

Como disse em post anterior, tenho uma explicação para os mistérios de Lost:

A ilha é a caverna de Platão: os sobreviventes estão acorrentados (daí o nome Locke: locked). Como estão na caverna, e não conhecem o que há além, julgam que o que vêem é real. A fumacinha que ataca Eko duas vezes é a sombra na parede da caverna: julgam que está viva porque se move. Os animais são monstros para eles, porque tudo é desconhecido. A realidade (e a verdade) pertence aos Outros e ao mundo fora da ilha, mais imaginado que vivenciado realmente.

Ben Linus é Sócrates: ele conhece a verdade, e está condenado à morte. Quando é capturado pelos homens que vivem na caverna, os sobreviventes, eles quase o matam, por não acreditar nele.

Jack é Platão, o discípulo de Sócrates que tenta livrá-lo da morte: Jack é o médico que opera Linus, aparentemente sem sucesso.

Locke destrói o submarino, porque sente-se confortável na caverna; não quer sair dela. A série de explosões sem fim é o fogo que projeta sombras na caverna. Mikhail é Diógenes, o cínico. Enquanto faltava a Diógenes a roupa, falta a Mikhail um olho. Tudo a ver.

Lá fora, prepara-se uma peça de teatro.

Bem, minha teoria acaba aí. É maluca, e não tem nada a ver com o seriado. Mas como o seriado é maluco mesmo, estamos em casa.

Tuesday, July 17, 2007

Teoria maluca sobre Lost (2): os filósofos

Qual é exatamente a correlação entre John Locke, o caçador, e John Locke, o filósofo, ainda não sei. Locke é um filósofo empirista. Isso não significa ver para crer, mas passa perto. John Locke, a personagem, primeiro acredita em tudo e todos, depois duvida, quando decide não digitar os números e testar o programa, depois acredita de novo. Se Locke perde a fé na humanidade, porque está preso ao nome do pai, ainda assim passa a acreditar "na ilha".

Danielle Rousseau é a personagem mais fácil de relacionar com o filósofo de quem leva o nome. Rousseau, o filósofo, é o pai do romantismo e da idéia do bom selvagem. Danielle é o bom selvagem: livre, solitária, independente, forte. Ela é parte da ilha; isto é, é natureza. A civilização está distante dela e seus contatos com outros de sua espécie são apenas ocasionais. Danielle é romântica (no sentido da escola de Rousseau): o que a faz sobreviver é o sonho/ideal (no caso, reencontrar a filha). A procura de Danielle pela filha também tem a ver com o filósofo Rousseau: o filósofo abandonou os cinco filhos, após o nascimento, na roda dos enjeitados. Mais tarde, arrependeu-se, e tentou encontrá-los, sem sucesso. Ele dizia que, se mantivesse os filhos, jamais seria Rousseau; seria apenas Jean-Jacques. Danielle só é o que é (o índio com quem Robinson Crusoé trava contato, na ilha de Defoe) porque perdeu a filha e precisa encontrá-la. Enfim, os sobreviventes de Lost são Robinson Crusoé e Danielle é o índio, o bom selvagem.

Deixarei Desmond David Hume para outra ocasião.

Sunday, July 15, 2007

Teoria maluca sobre Lost (1): os nomes

Durante este mês de julho tive uma série de problemas com o computador, que não parecem ter chegado ao fim. Acabei indo para a TV, assistir às temporadas 2 e 3 de Lost.

Não perdi nada. É realmente muito boa a série. Tanto, que até resolvi criar minha própria teoria sobre o mistério da ilha, ignorando por completo a missão do projeto Dharma de salvar o planeta.

Observe os nomes. À parte os nomes bíblicos (Benjamin, Jacob e Isaac), há três que são de filósofos: John Locke, Danielle Rousseau e Desmond David Hume.

Jack é também Shephard, pastor. Obviamente, é ele quem cuida dos demais, e que pode guiá-los para fora da ilha.

Também há Boone, de Daniel Boone, mas vou deixar esse personagem de lado. Já virou história.

Talvez a Kate também tenha nome de filósofo: Austin. Ou talvez tenha a ver com Jane Austen. Quem vai saber?

Penelope, a amada de Desmond, é obviamente a Penelope de Ulisses. Mas falo sobre isso mais tarde.

Sawyer é o nome daquele garotinho órfão de Mark Twain, cheio de expedientes, que vive de pequenos roubos e quer parecer pior do é.

E ainda Eko, cujo nome lembra a ninfa da mitologia grega, Eco, que perseguia Narciso. Eco, a ninfa, exauriu-se pelo desprezo de Narciso e tornou-se apenas voz, e uma voz que é imitação, que só repete. Eko, a personagem, de início não fala. Enquanto Eco, a ninfa, é só voz, Eko, o nigeriano, não tem voz. Mas Eko é um sujeito forte, que não teme a morte. Por isso é capaz de enfrentar a fumaça. Quando muda, o medo da morte que a crença traz o faz sucumbir, no segundo confronto com a fumaça. Eko, o nigeriano, se exaure na crença, sem obter o que queria.

E há ainda Linus, nome de cientista. Benjamin é filho de Jacó, que era filho de Isaac. Ben é o líder; Jacob é o chefão e Isaac... bem, Isaac é aquele curandeiro que aparece na segunda temporada, lembra?

Não entendeu nada? Deixa prá lá. Pule este post.

Thursday, July 12, 2007

Lana Caprina (2): a Ilíada e a Odisséia

Você sabe quantos versos têm a Ilíada e a Odisséia?

Não? Como pode ser?

Ofereço-me para suprir esta falta:

A Odisséia tem 13.000 versos e a Ilíada tem 17.000.

Pronto! Problema resolvido.

Agora você não precisa pensar mais nisso.

Tuesday, July 10, 2007

Mentiras platônicas

Conta-nos Diógenes Laércio que, assim que Platão concluiu o diálogo Lísis, seus discípulos o levaram para Sócrates, que o leu e disse:

Por Héracles! Quantas mentiras esse rapaz me faz dizer!

Injustiça. Não fosse por Platão, Sócrates seria menor.

Friday, July 06, 2007

Acidente nos jogos olímpicos

Atenas, século V a.C. Durante os jogos olímpicos, um arqueiro acertou, por acidente, um rapaz que assistia aos jogos, e o matou.

Péricles, o chefe ateniense encarregado de encontrar o culpado e puni-lo, ficou bastante confuso. A quem deveria culpar?

Para não errar, e talvez para não perder a fama de homem justo, mandou chamar seu mestre Protágoras, o sofista.

- A quem devo responsabilizar pelo acidente?, teria perguntado ao sofista.

Protágoras tratou logo de sair de cena:

- Se perguntar ao médico quem é o culpado, ele dirá que a flecha matou o jovem. Se perguntar à autoridade política, dirá que o culpado é o organizador dos jogos, por ter permitido o acidente. Mas, se perguntar ao juiz, ele dirá que o culpado é o arqueiro, porque foi um ato seu que ocasionou a morte do rapaz. Então, decida quem decidirá.

Ninguém pode dizer que Protágoras não fosse esperto. Melhor não se envolver.

Brincadeiras à parte, a resposta de Protágoras ilustra bem o relativismo de que os sofistas (até onde se possa saber) são os autores: a conclusão depende do critério adotado. Ou, se se quiser, do observador.

Wednesday, July 04, 2007

Mentira de vendedor

Os persas, segundo Heródoto, não se dedicavam ao comércio porque acreditavam que a prática não era boa para o caráter: ensina a mentir.

É a pura verdade, pelo menos quando se trata de vendedor de peixes.

Quando me venderam o acará, me garantiram que ele convivia bem com os outros peixes. Mentira. Ou melhor, verdade, porque o acará é um peixe manso. O que esqueceram de dizer é que os outros não são.

No fim das contas, não se pode criar peixes de espécies diferentes em um mesmo aquário. Sobretudo, não se pode acreditar em vendedor.

Até o betta, um peixe sabidamente violento, me disseram que podia colocar no mesmo aquário que os outros. De fato, ele não atacou os demais. Era menor, e ficou com medo. Mas descobri a tempo que ele não pode viver em aquário grande. Morre afogado, olha só.

O único peixe eterno é o guppi. Comecei com dez, e já não sei o que faço com tanto peixe.

Monday, July 02, 2007

Mistério resolvido

Japoneses não são piranhas. Nem canibais, até onde posso saber. Mas estou chegando à conclusão de que não há nada mais violento que um peixinho de água doce. Depois, é claro, dos peixes de água salgada.

O mistério do aquário foi resolvido: ao lavar o filtro, encontrei uma espinha de peixe nele. Uma só, mas estava lá, presa ao filtro.

Sou obrigada a concluir que o telescópio morreu durante a noite e os japoneses se alimentaram do coitado. E sem deixar vestígios, exceto pela espinha presa ao filtro. O surpreendente é que os japoneses são do mesmo tamanho do peixinho que sumiu.

Como é que pode?

É claro, prefiro acreditar que ele já estava morto quando virou sopa.

Sunday, July 01, 2007

Mistério no aquário

Por uma destas circunstâncias da vida, tenho dois aquários. Esta é, de longe, uma experiência terrível: um peixe sempre morre para que eu aprenda algo novo. Já tive um acará disco, um peixe absolutamente doce, que um telescópio colorido adorava atacar. Tive de trocá-lo. Errei ao trocar por outro telescópio. Ele brigou com três japoneses, e acabou morrendo. Mas ficaram no aquário os três japoneses, um limpa-vidro, quatro cascudos e dois telescópios pretos (estes, sim, bem mansos).

Na semana passada aconteceu o impensável: um dos telescópios pretos desapareceu. Sumiu, evaporou. Assim, sem deixar rastro. Telescópio não é peixe que salta do aquário, como os gupis (até onde eu saiba), mas assim mesmo revistei todos os cantos ao redor do aquário, e dentro dele. Nada.

Não, não tenho gatos. É claro que também não foi roubado, e que não foi retirado do aquário.

A última possibilidade é que tivesse morrido no meio da noite (o desaparecimento ocorreu entre as onze da noite e as oito da manhã). Mas, mesmo que os outros peixes tivessem se alimentado dele, haveria um vestígio qualquer, e não havia nada. Nem um pedacinho sequer, prá contar a história. O peixe simplesmente desapareceu.

O que poderia ter acontecido?