Somos quase todos idiotas, se o sentido dado à palavra for o original, do grego. Idiótes significava "homem privado", em oposição a "homem público".
O problema é que isto exclui o Lula, ao menos nos momentos em que é uma figura pública. Na intimidade, continua sendo idiota. Como todos nós.
Tuesday, May 29, 2007
Monday, May 28, 2007
O diabo é a lógica
Definitivamente, o diabo não tem noção, não tem inteligência e não aprende nada. Com mais ou menos 5.000 anos de idade, continua tão tolo quanto sempre.
Estava assistindo ao programa Assombrações, da Discovery. O episódio era sobre uma possessão demoníaca. Não demorou muito, e lá veio o exorcismo. O diabo foi valente: lutou, lutou, resistiu durante horas, fez caras e bocas, mas por fim saiu derrotado, como sempre. E pior, derrotado por uma palavra: saia.
O que acontece com essa criatura que, apesar de já ter idade, continua tão infantil quanto sempre? Não desconfiou até hoje que não vai vencer? Onde está a criatividade para escapar da ordem? Vai continuar esperneando como bebê que quer atenção?
Há algo mais tolo, mais infantil, mais histérico e frágil que um diabo revirando os olhos?
Deve existir um modo mais inteligente de fazer um inferninho.
Mas não para um pobre diabo, com certeza.
Estava assistindo ao programa Assombrações, da Discovery. O episódio era sobre uma possessão demoníaca. Não demorou muito, e lá veio o exorcismo. O diabo foi valente: lutou, lutou, resistiu durante horas, fez caras e bocas, mas por fim saiu derrotado, como sempre. E pior, derrotado por uma palavra: saia.
O que acontece com essa criatura que, apesar de já ter idade, continua tão infantil quanto sempre? Não desconfiou até hoje que não vai vencer? Onde está a criatividade para escapar da ordem? Vai continuar esperneando como bebê que quer atenção?
Há algo mais tolo, mais infantil, mais histérico e frágil que um diabo revirando os olhos?
Deve existir um modo mais inteligente de fazer um inferninho.
Mas não para um pobre diabo, com certeza.
Friday, May 25, 2007
Cuidado com a tartaruga
Ésquilo, o dramaturgo grego, morreu... atingindo por uma tartaruga.
É, tartarugas não voam, mas tudo se explica lindamente pela careca do dramaturgo: uma águia, carregando uma tartaruga, confundiu a cabeça careca de Ésquilo com uma pedra e soltou a presa, para que o casco se quebrasse. Atingindo pela tartaruga, Ésquilo morreu imediatamente.
Claro que é só uma historinha prá criança dormir, mas leia-se a biografia do dramaturgo e lá está a tartarugada.
É, tartarugas não voam, mas tudo se explica lindamente pela careca do dramaturgo: uma águia, carregando uma tartaruga, confundiu a cabeça careca de Ésquilo com uma pedra e soltou a presa, para que o casco se quebrasse. Atingindo pela tartaruga, Ésquilo morreu imediatamente.
Claro que é só uma historinha prá criança dormir, mas leia-se a biografia do dramaturgo e lá está a tartarugada.
Thursday, May 24, 2007
Frio moral
O frio chegou. Maravilha. O que não me agrada nem um pouco é a obrigação moral de ter de detestar o frio. Sempre que digo que gosto do frio, alguém responde que há pessoas nas ruas, sem agasalho; os animais sofrem etc. etc. Que coisa insuportável! Não se pode fazer uma afirmação de ordem estética sem que ela seja atropelada pela moral?
O frio me agrada, ora. Isto não tem nada a ver com as pessoas que estão morrendo de frio na rua.
O frio me agrada, ora. Isto não tem nada a ver com as pessoas que estão morrendo de frio na rua.
Tuesday, May 22, 2007
Gracinha de natureza
O século XVIII tinha uma confiança ilimitada na razão humana e, sobretudo, numa razão natural: o mundo é ordenado e trabalha para o melhor (tese aristotélica, aliás). Mesmo assim, é curioso que Kant considere a natureza como uma espécie de entidade com um único propósito: servir ao homem. Na passagem citada a seguir, um trecho de um longo parágrafo sobre a engenhosidade da natureza em proporcionar ao homem condições de se manter e de ter uma vida boa, Kant afirma que, nas regiões onde não há madeira, a natureza a envia por mar. O objetivo? Prover aos homens veículos de transporte, armas e cabanas.
Que espécie abençoada! O mundo só existe para servi-la.
Mas Kant engana-se: a natureza não é sábia. Se fosse, não teria se esforçado tanto para preservar a única espécie que a pode destruir.
"A previsão da natureza suscita, porém, a máxima admiração em virtude da madeira que ela arrasta flutuando até estas regiões sem flora (sem que se saiba ao certo de onde vêm); sem tal material, eles não poderiam construir os seus veículos de transporte, nem as suas armas ou as suas cabanas". (KANT, À Paz perpétua, suplemento primeiro).
Que espécie abençoada! O mundo só existe para servi-la.
Mas Kant engana-se: a natureza não é sábia. Se fosse, não teria se esforçado tanto para preservar a única espécie que a pode destruir.
"A previsão da natureza suscita, porém, a máxima admiração em virtude da madeira que ela arrasta flutuando até estas regiões sem flora (sem que se saiba ao certo de onde vêm); sem tal material, eles não poderiam construir os seus veículos de transporte, nem as suas armas ou as suas cabanas". (KANT, À Paz perpétua, suplemento primeiro).
Monday, May 21, 2007
Imortais (3): O poder do mercúrio
O primeiro imperador chinês, Qin Shi Huang (260 – 210 a.C.), tinha obsessão pela idéia de imortalidade. Afinal, vivia uma vida muito boa.
Durante longos anos, fez várias tentativas desesperadas para obter o elixir da vida eterna, enviando soldados a lugares distantes, onde supostamente viveriam os imortais. Como os soldados nunca retornaram, o imperador talvez tenha concluído que preferiram usar o elixir e viver eternamente que entregá-lo ao seu rei.
Então os cientistas e médicos da corte prepararam pílulas de mercúrio que, acreditava-se, teria o poder de tornar o imperador imortal. Qin ingeriu-as durante anos, durante as refeições. Ao final, morreu envenenado pelo mercúrio.
Durante longos anos, fez várias tentativas desesperadas para obter o elixir da vida eterna, enviando soldados a lugares distantes, onde supostamente viveriam os imortais. Como os soldados nunca retornaram, o imperador talvez tenha concluído que preferiram usar o elixir e viver eternamente que entregá-lo ao seu rei.
Então os cientistas e médicos da corte prepararam pílulas de mercúrio que, acreditava-se, teria o poder de tornar o imperador imortal. Qin ingeriu-as durante anos, durante as refeições. Ao final, morreu envenenado pelo mercúrio.
Sunday, May 20, 2007
Guia para caçar fantasmas
Sempre quis ver um fantasma, então procurei ajuda na internet. Encontrei o site linkado no título e, nele, o item "Como encontrar fastasmas perto de casa".
Pensei: agora sim, verei um fantasma! O site garante que é mais fácil encontrar fantasmas perto do local onde mora, que viajar quilômetros só para vê-los.
Tenho de concordar.
O conselho seguinte foi: "faça uma pesquisa no google conjugando sua cidade e estado com as palavras "fantasma" e "assombração".
Puxa. Estamos mesmo no reino da tecnologia: para ver fantasmas é preciso aprender a pesquisar no google. Legal.
Pensei: agora sim, verei um fantasma! O site garante que é mais fácil encontrar fantasmas perto do local onde mora, que viajar quilômetros só para vê-los.
Tenho de concordar.
O conselho seguinte foi: "faça uma pesquisa no google conjugando sua cidade e estado com as palavras "fantasma" e "assombração".
Puxa. Estamos mesmo no reino da tecnologia: para ver fantasmas é preciso aprender a pesquisar no google. Legal.
Saturday, May 19, 2007
Você é o que come?
Como já disse, não resisto a testes. Recebi mais um: Você é o que come? Definitivamente, não sou. Nada a ver.
"Sabe como curtir a vida, mas sem cometer exageros. É muito preocupado e se priva das coisas por excesso de cuidado. Não consegue ficar sozinho. Gosta de estar sempre rodeado de amigos e da família. Gosta de manter o controle da situação e saber exatamente onde está pisando. Tem mania de complicar tudo e transforma um problema pequeno numa coisa gigantesca. É uma pessoa que prefere estar em contato com a natureza."
"Sabe como curtir a vida, mas sem cometer exageros. É muito preocupado e se priva das coisas por excesso de cuidado. Não consegue ficar sozinho. Gosta de estar sempre rodeado de amigos e da família. Gosta de manter o controle da situação e saber exatamente onde está pisando. Tem mania de complicar tudo e transforma um problema pequeno numa coisa gigantesca. É uma pessoa que prefere estar em contato com a natureza."
Friday, May 18, 2007
Preciosidades
E por falar em aula, ando registrando diligentemente tudo o que escuto e me parece no mínimo engraçado. Eu sei, é feio, mas fazer o quê. Aluno não é ser humano.
Eis algumas das pérolas mais recentes:
"O psicanalista precisa de uma escuta, no sentido de que isso é fundamental".
Psicanalistas precisam também do não fundamental.
"Tudo que não entendo eu coloco como epígrafe em meu livro".
Certo, entendi.
"Tem alguma coisa que ele vai falar que não sei onde, mas sei que é alguma coisa".
Tem alguma coisa também que não sei que não vai falar e não sei onde, mas sei que não é alguma coisa.
"No sentido de que 'Oh!, compreendi algo!'"
No sentido de que "ah, pois é".
"Quando seguro no canudo, claro que é outra coisa que eu quero".
Claríssimo.
"Nem eu sei o que digo".
Por que não duvido disso?
"Os antigos [egípcios, sumérios etc.] não escreviam para serem lidos. Para ler um ideograma é preciso ir buscar Champollion. Prova disso é que enterravam cerâmica com escrita".
E Champollion teve de desenterrar todas elas? Champollion é um acidente de percurso? Toda escrita antiga estava nas cerâmicas? Puxa, que antiguidade fantástica! Inventaram a escrita, forjaram escribas, deixaram pergaminhos e escritos nas tumbas, registraram a mesma informação na pedra de roseta em três línguas diferentes, tudo isso só prá ninguém ler? É realmente extraordinário tanto esforço em escrever com o objetivo evidente de não querer ser entendido. Bastava não escrever, né? Definitivamente, Champollion é um estraga-prazeres.
"Por isso o sujeito tem de ir prá cadeia e rodar o significante".
Esta frase faz sentido mas, dita assim, fiquei imaginando um presidiário rodando um significante. Há tempo suficiente prá rodar todos os significantes que quiser.
Eis algumas das pérolas mais recentes:
"O psicanalista precisa de uma escuta, no sentido de que isso é fundamental".
Psicanalistas precisam também do não fundamental.
"Tudo que não entendo eu coloco como epígrafe em meu livro".
Certo, entendi.
"Tem alguma coisa que ele vai falar que não sei onde, mas sei que é alguma coisa".
Tem alguma coisa também que não sei que não vai falar e não sei onde, mas sei que não é alguma coisa.
"No sentido de que 'Oh!, compreendi algo!'"
No sentido de que "ah, pois é".
"Quando seguro no canudo, claro que é outra coisa que eu quero".
Claríssimo.
"Nem eu sei o que digo".
Por que não duvido disso?
"Os antigos [egípcios, sumérios etc.] não escreviam para serem lidos. Para ler um ideograma é preciso ir buscar Champollion. Prova disso é que enterravam cerâmica com escrita".
E Champollion teve de desenterrar todas elas? Champollion é um acidente de percurso? Toda escrita antiga estava nas cerâmicas? Puxa, que antiguidade fantástica! Inventaram a escrita, forjaram escribas, deixaram pergaminhos e escritos nas tumbas, registraram a mesma informação na pedra de roseta em três línguas diferentes, tudo isso só prá ninguém ler? É realmente extraordinário tanto esforço em escrever com o objetivo evidente de não querer ser entendido. Bastava não escrever, né? Definitivamente, Champollion é um estraga-prazeres.
"Por isso o sujeito tem de ir prá cadeia e rodar o significante".
Esta frase faz sentido mas, dita assim, fiquei imaginando um presidiário rodando um significante. Há tempo suficiente prá rodar todos os significantes que quiser.
Thursday, May 17, 2007
Psi
Definitivamente, não sei o que pensar da psicanálise. Há coisas interessantíssimas, mas também há uma certa pressa em fazer afirmações, o que me deixa com um pé atrás. Escutei hoje de um psicanalista o caso de uma família em que o pai assediava sexualmente as duas filhas de 9 e 10 anos. O psicanalista atendeu a mãe, quando o pai foi preso. Ele contou que a primeira coisa que a mulher falou foi "Queria sumir. Queria ir para um lugar onde ninguém soubesse disso".
O que se pode concluir da afirmação da mãe? Ah, é óbvio: naquele instante a mulher se deu conta de que sabia de tudo, de que estava implicada no problema, de que tinha culpa.
Será?
O que se pode concluir da afirmação da mãe? Ah, é óbvio: naquele instante a mulher se deu conta de que sabia de tudo, de que estava implicada no problema, de que tinha culpa.
Será?
Wednesday, May 16, 2007
Teste seu ceticismo
Adoro testes. Se há uma perguntinha, lá vou marcar uma resposta. Este é para checar se você é mesmo cético. Não deve valer nada, mas fiz o teste assim mesmo. Ainda não sei se sou cética ou não, mas voltarei à página prá saber. Quem sabe posso seguir uma crença qualquer a partir de agora, sem achar que estou contrariando minha natureza.
Tuesday, May 15, 2007
Como o Canguru ganhou um rabo
AVISO: CULTURA SUPINAMENTE INÚTIL. HÁ SÉRIO RISCO DE PERDA DE TEMPO.
O canguru já foi humano. Não tinha rabo, e chamava-se Mirram. O wombat, aquele marsupial australiano que parece um panda marrom, também já foi homem, e chamava-se Warreen.
Eles eram amigos; caçavam e viviam juntos. O Warreen era esforçado, trabalhador, e construiu uma casinha confortável e segura. O Mirram não gostava de fazer esforço na vida, e não construiu uma casa. Dormia ao relento, ao lado de uma fogueira. O único problema era a chuva.
Uma noite, houve uma grande tempestade. Sem alternativa, o Mirram pediu abrigo a seu amiguinho Warreen. O amiguinho recusou dar-lhe abrigo e o pobre Mirram continuou sob a tempestade, sentindo frio e muita, muita raiva do amigo. Irritado, voltou à casa do amigo e, ao ver que ele dormia, e o feriu na testa com uma pedra. O Warreen, que era mais fraco, não reagiu, mas começou a planejar uma vingança.
Algum tempo depois, o Warreen estava caçando na floresta e, avistando Mirram ao longe, aproximou-se silenciosamente e atirou no amigo uma lança, com toda a força. A lança entrou nas costas de Mirram e ele não mais conseguiu tirá-la.
Desde então o Canguru passou a ter um longo rabo.
O canguru já foi humano. Não tinha rabo, e chamava-se Mirram. O wombat, aquele marsupial australiano que parece um panda marrom, também já foi homem, e chamava-se Warreen.
Eles eram amigos; caçavam e viviam juntos. O Warreen era esforçado, trabalhador, e construiu uma casinha confortável e segura. O Mirram não gostava de fazer esforço na vida, e não construiu uma casa. Dormia ao relento, ao lado de uma fogueira. O único problema era a chuva.
Uma noite, houve uma grande tempestade. Sem alternativa, o Mirram pediu abrigo a seu amiguinho Warreen. O amiguinho recusou dar-lhe abrigo e o pobre Mirram continuou sob a tempestade, sentindo frio e muita, muita raiva do amigo. Irritado, voltou à casa do amigo e, ao ver que ele dormia, e o feriu na testa com uma pedra. O Warreen, que era mais fraco, não reagiu, mas começou a planejar uma vingança.
Algum tempo depois, o Warreen estava caçando na floresta e, avistando Mirram ao longe, aproximou-se silenciosamente e atirou no amigo uma lança, com toda a força. A lança entrou nas costas de Mirram e ele não mais conseguiu tirá-la.
Desde então o Canguru passou a ter um longo rabo.
Monday, May 14, 2007
Enfrente o ET
Já considerou a possibilidade de aparecer diante de você um Monstro Spaghetti Voador, ou uma criaturinha verde, esquálida, com olhos enormes e gestos lentos?
Pode acontecer.
O que faria, nesse caso? Sairia correndo? Não é melhor se preparar para a situação? Vamos lá. Não espere o ladrão entrar para fechar a porta.
Travis Taylor e Bob Boan, sem nada melhor para fazer, escreveram um manual de regras a seguir, caso os alienígenas apareçam.
Se é assim, então também devemos nos preparar para encontrar duendes verdes, gnomos, boitatás, saci-pererês etc.
Para o encontro com o saci-pererê, tenho conselhos infalíveis: não faça qualquer referência à cor da pele (isso é racismo), nem à, digamos, deficiência física (isso é discriminação), e lembre-se de exigir que ele apague o cachimbo (o fumo não é saudável e nem elegante). De resto, tenha em mente que, no fundo, no fundo, o que o saci-pererê e os alienígenas querem é apenas um pouco de atenção.
Assim como os autores do manual.
Deve ser muito triste viver viajando, ou sozinho nas florestas, ou no anonimato. Então, trate-os bem. Afinal, cachorro também é ser-humano.
Pode acontecer.
O que faria, nesse caso? Sairia correndo? Não é melhor se preparar para a situação? Vamos lá. Não espere o ladrão entrar para fechar a porta.
Travis Taylor e Bob Boan, sem nada melhor para fazer, escreveram um manual de regras a seguir, caso os alienígenas apareçam.
Se é assim, então também devemos nos preparar para encontrar duendes verdes, gnomos, boitatás, saci-pererês etc.
Para o encontro com o saci-pererê, tenho conselhos infalíveis: não faça qualquer referência à cor da pele (isso é racismo), nem à, digamos, deficiência física (isso é discriminação), e lembre-se de exigir que ele apague o cachimbo (o fumo não é saudável e nem elegante). De resto, tenha em mente que, no fundo, no fundo, o que o saci-pererê e os alienígenas querem é apenas um pouco de atenção.
Assim como os autores do manual.
Deve ser muito triste viver viajando, ou sozinho nas florestas, ou no anonimato. Então, trate-os bem. Afinal, cachorro também é ser-humano.
Sunday, May 13, 2007
Ouça
Ando pesquisando ultimamente sobre a música dos índios Anasazi, coisa dificílima. Pelo que já ouvi, é realmente bela. No site linkado no título é possível ouvir alguma coisa, embora sejam só amostras, e não sejam específicas da "tribo" Anasazi.
Veja também http://www.canyonrecords.com/sounds2.htm
Veja também http://www.canyonrecords.com/sounds2.htm
Saturday, May 12, 2007
Estado de natureza
Uma das teorias mais recorrentes na filosofia política é a do Estado de Natureza. Ela aparece, formulada como a conhecemos, em Hobbes, e atende a uma exigência específica do momento histórico em que viveu.
O século XVII é marcado pela revolução ocorrida na Inglaterra. O parlamento inglês havia conquistado direitos desde o século XII, mas não havia exercido de fato as prerrogativas conquistadas. Com a ascenção de Carlos I ao poder, o parlamento, insatisfeito com o rei, passou a reivindicar os direitos adquiridos e a brigar por uma parcela do poder. As razões são de ordem religiosa (a maioria do parlamento era puritana, e o rei defendia um anglicanismo mais próximo do catolicismo), política e econômica (os puritanos eram, em sua maioria, donos de terra, e tentavam ampliar suas posses através da possessão ilegal de terras vizinhas. O rei proibiu essa prática, o que deixou o parlamento bastante descontente).
Carlos I defendia uma monarquia absolutista, sem interferência do parlamento. Para sustentar seu ponto de vista, digamos assim, alegava (com o apoio de teóricos) que esta é a vontade divina. Ou seja, o rei tem o direito, conferido por Deus, de governar sozinho. O nascimento seria a prova desta vontade divina, já que nada acontece sem que Deus assim o deseje.
Thomas Hobbes, embora fosse partidário do poder absoluto do monarca, além de ter ligações com a família real (foi preceptor do filho de Carlos I, que tinha um retrato do filósofo em seu quarto), não aceitava a tese de direito divino dos reis. Era preciso, então, provar logicamente que os homens são originalmente iguais e livres, que ninguém tem o direito natural de mandar e ninguém tem o dever natural de obedecer. A tese do Estado de Natureza servia perfeitamente a esse propósito.
O século XVII é marcado pela revolução ocorrida na Inglaterra. O parlamento inglês havia conquistado direitos desde o século XII, mas não havia exercido de fato as prerrogativas conquistadas. Com a ascenção de Carlos I ao poder, o parlamento, insatisfeito com o rei, passou a reivindicar os direitos adquiridos e a brigar por uma parcela do poder. As razões são de ordem religiosa (a maioria do parlamento era puritana, e o rei defendia um anglicanismo mais próximo do catolicismo), política e econômica (os puritanos eram, em sua maioria, donos de terra, e tentavam ampliar suas posses através da possessão ilegal de terras vizinhas. O rei proibiu essa prática, o que deixou o parlamento bastante descontente).
Carlos I defendia uma monarquia absolutista, sem interferência do parlamento. Para sustentar seu ponto de vista, digamos assim, alegava (com o apoio de teóricos) que esta é a vontade divina. Ou seja, o rei tem o direito, conferido por Deus, de governar sozinho. O nascimento seria a prova desta vontade divina, já que nada acontece sem que Deus assim o deseje.
Thomas Hobbes, embora fosse partidário do poder absoluto do monarca, além de ter ligações com a família real (foi preceptor do filho de Carlos I, que tinha um retrato do filósofo em seu quarto), não aceitava a tese de direito divino dos reis. Era preciso, então, provar logicamente que os homens são originalmente iguais e livres, que ninguém tem o direito natural de mandar e ninguém tem o dever natural de obedecer. A tese do Estado de Natureza servia perfeitamente a esse propósito.
Friday, May 11, 2007
Enfim, uma foto!
Você já quis ver uma foto da Lucy, aquela gracinha de quem todos nós descendemos? Pois agora você pode! Clique no título e veja a foto da beleza.
E então? Sentiu-se religado com suas origens?
E então? Sentiu-se religado com suas origens?
Thursday, May 10, 2007
Vinho de tigre
Eu certamente entendi mal. Sim, com certeza.
A reportagem que pode ser acessada clicando no título deste post diz que a China está criando tigres em cativeiro para, imagine, usar a pele e os ossos do animal na produção de... vinho! Isso mesmo, vinho. Só posso ter entendido mal.
Os chineses acreditam que o "vinho de tigre" os torna mais fortes. Em pleno século XXI.
O lógico é esperar que, como a China tem a maior população do mundo, logo falte matéria prima. Se o vinho de tigre os deixa fortes, então a ausência do vinho os deixará enfraquecidos, certo? A não ser, é claro, que comecem a achar que, se pisotearem urubu morto junto com arroz, na fabricação do vinho de urubu, vão começar a voar.
Tudo é possível.
A reportagem que pode ser acessada clicando no título deste post diz que a China está criando tigres em cativeiro para, imagine, usar a pele e os ossos do animal na produção de... vinho! Isso mesmo, vinho. Só posso ter entendido mal.
Os chineses acreditam que o "vinho de tigre" os torna mais fortes. Em pleno século XXI.
O lógico é esperar que, como a China tem a maior população do mundo, logo falte matéria prima. Se o vinho de tigre os deixa fortes, então a ausência do vinho os deixará enfraquecidos, certo? A não ser, é claro, que comecem a achar que, se pisotearem urubu morto junto com arroz, na fabricação do vinho de urubu, vão começar a voar.
Tudo é possível.
Wednesday, May 09, 2007
Arquitetura da Destruição
Revi recentemente o documentário "Arquitetura da Destruição", de Peter Cohen. Realmente extraordinário.
A tese principal, defendida com maestria, é que o nazismo não tinha, de fato, um projeto político, mas sim um projeto estético, de embelezamento do mundo. O projeto político tornaria possível a realização desse projeto estético, que deveria se estender para a arte (aceitando-se apenas a que representasse a beleza física ou natural), a medicina (pela eugenia, com todas as suas consequências), a higiene corporal (capaz, por si só, de eliminar a luta de classes), o saneamento urbano (pela eliminação de pragas, bactérias e vírus, tanto os da cidade quanto os do Estado - os judeus), a arquitetura, a cultura e a moral.
O que originou o nazismo e possibilitou sua propagação, contaminando todo um Estado com sua ideologia, sempre foi um mistério. É claro que pode ser explicado por razões econômicas, políticas, culturais, etc., mas a tese defendida pelo filme é de longe a mais consistente, com embasamento em documentos de época e na propaganda nazista.
Vale a pena ver. Serve como antídoto.
A tese principal, defendida com maestria, é que o nazismo não tinha, de fato, um projeto político, mas sim um projeto estético, de embelezamento do mundo. O projeto político tornaria possível a realização desse projeto estético, que deveria se estender para a arte (aceitando-se apenas a que representasse a beleza física ou natural), a medicina (pela eugenia, com todas as suas consequências), a higiene corporal (capaz, por si só, de eliminar a luta de classes), o saneamento urbano (pela eliminação de pragas, bactérias e vírus, tanto os da cidade quanto os do Estado - os judeus), a arquitetura, a cultura e a moral.
O que originou o nazismo e possibilitou sua propagação, contaminando todo um Estado com sua ideologia, sempre foi um mistério. É claro que pode ser explicado por razões econômicas, políticas, culturais, etc., mas a tese defendida pelo filme é de longe a mais consistente, com embasamento em documentos de época e na propaganda nazista.
Vale a pena ver. Serve como antídoto.
Tuesday, May 08, 2007
Paz de cemitério
Tabuleta na entrada de um cemitério, segundo D'Alembert: "Aqui há paz perpétua, pois os mortos não brigam mais, mas os vivos são de um outro humor e os mais potentes não respeitam muito os tribunais".
Monday, May 07, 2007
Imortais (2): Paradoxo cretense
Epimênides era um poeta cretense de pouca expressão. Tornou-se conhecido da posteridade por uma única frase:
"Os cretenses nunca falam a verdade".
Epimênides era cretense e afirmava que os cretenses nunca falam a verdade. Então esta frase não é verdadeira, o que significa que os cretenses sempre falam a verdade. Mas, se os cretenses sempre falam a verdade, então Epimênides dizia a verdade ao afirmar que os cretenses nunca falam a verdade e, se isto é verdade, então é uma inverdade, e assim por diante.
"Os cretenses nunca falam a verdade".
Epimênides era cretense e afirmava que os cretenses nunca falam a verdade. Então esta frase não é verdadeira, o que significa que os cretenses sempre falam a verdade. Mas, se os cretenses sempre falam a verdade, então Epimênides dizia a verdade ao afirmar que os cretenses nunca falam a verdade e, se isto é verdade, então é uma inverdade, e assim por diante.
Sunday, May 06, 2007
Imortais (1): Eróstrato, o verme
Quem foi o arquiteto que construiu o Templo de Ártemis em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo? Não sabemos.
Quem destruiu o templo de Ártemis em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo? Eróstrato.
Eróstrato era natural da cidade de Éfeso e, após ter incendiado o templo de Ártemis, foi torturado para confessar o motivo. Ele elegou que queria ser lembrado pela posteridade. Como não se sentia capaz de fazer nada grandioso, resolveu destruir algo grandioso. Assim, sempre que o templo de Ártemis fosse mencionado, seu nome seria lembrado como aquele que o destruiu.
O rei persa Dario (Astaxerxes), que havia tomado a cidade por esta época, proibiu por decreto que o nome de Eróstrato fosse dito.
Boa tentativa, mas não adiantou nada.
Quem destruiu o templo de Ártemis em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo? Eróstrato.
Eróstrato era natural da cidade de Éfeso e, após ter incendiado o templo de Ártemis, foi torturado para confessar o motivo. Ele elegou que queria ser lembrado pela posteridade. Como não se sentia capaz de fazer nada grandioso, resolveu destruir algo grandioso. Assim, sempre que o templo de Ártemis fosse mencionado, seu nome seria lembrado como aquele que o destruiu.
O rei persa Dario (Astaxerxes), que havia tomado a cidade por esta época, proibiu por decreto que o nome de Eróstrato fosse dito.
Boa tentativa, mas não adiantou nada.
Saturday, May 05, 2007
Arqueologia futurista
Que o nazismo tenha sido a expressão mais aguda da loucura coletiva, não há dúvida, mas esta loucura é sempre maior do que nos parece a princípio. Já mencionei aqui que Himmler, o general de Hitler, fez viagens ao Tibet para procurar descendentes dos Atlântidos, os supostos pais da "raça" ariana. O projeto de Hitler incluía também a construção de uma cidade perfeita: Linz. Até aí, vá lá. Esquisito, mas vá lá. A loucura mesmo é que ele pretendia construir a cidade de tal modo que, no futuro longínquo, os arqueólogos a escavassem e ficassem maravilhados com o achado e com a grandiosidade da arquitetura nazista, toda em mármore. Ele, Hitler, seria então visto pela história como um grande visionário, um homem superior, que soubera elevar a cultura alemã ao status de jóia da humanidade, como o fizeram os grandes homens da Grécia e de Roma.
Friday, May 04, 2007
Faltou senso prático
Diz Kant que os selvagens da América são diferentes dos selvagens europeus em um aspecto: enquanto os primeiros só sabem devorar os capturados, os selvagens europeus são mais pragmáticos: usam os capturados como escravos e como instrumentos de guerra.
No fim das contas, Kant está dizendo que selvagens, quer sejam canibais, quer sejam colonizadores, são sempre selvagens, porque não têm lei e não agem conforme os direitos humanos. Certo, mas os europeus são selvagens mais espertos. Ou não?
Eis a passagem:
"A diferença entre os selvagens europeus e os americanos consiste essencialmente nisto: muitas tribos americanas foram totalmente comidas pelos seus inimigos, ao passo que os europeus sabem aproveitar melhor seus vencidos do que comendo-os. Aumentam antes o número de seus súditos, por consequinte, também a quantidade dos instrumentos para guerras ainda mais vastas" (À paz perpétua, 2o. artigo definitivo).
No fim das contas, Kant está dizendo que selvagens, quer sejam canibais, quer sejam colonizadores, são sempre selvagens, porque não têm lei e não agem conforme os direitos humanos. Certo, mas os europeus são selvagens mais espertos. Ou não?
Eis a passagem:
"A diferença entre os selvagens europeus e os americanos consiste essencialmente nisto: muitas tribos americanas foram totalmente comidas pelos seus inimigos, ao passo que os europeus sabem aproveitar melhor seus vencidos do que comendo-os. Aumentam antes o número de seus súditos, por consequinte, também a quantidade dos instrumentos para guerras ainda mais vastas" (À paz perpétua, 2o. artigo definitivo).
Thursday, May 03, 2007
Igualitarismo
Recebi por e-mail:
"No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros."
Roberto Campos
"No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros."
Roberto Campos
Wednesday, May 02, 2007
Acredite se quiser
Sem exagero e sem acrescentar nada, escutei do professor em uma aula, na semana passada:
"O próprio fazer cocô, o que é da ordem da mamadeira, nada mais é que busca de satisfação".
A aula era sobre Freud, como se pode perceber, mas dito assim ficou parecendo uma daquelas brincadeiras deliciosas com forma e conteúdo: forma perfeita e conteúdo zero.
"O próprio fazer cocô, o que é da ordem da mamadeira, nada mais é que busca de satisfação".
A aula era sobre Freud, como se pode perceber, mas dito assim ficou parecendo uma daquelas brincadeiras deliciosas com forma e conteúdo: forma perfeita e conteúdo zero.
Tuesday, May 01, 2007
Coisa de grego (7): Andorinha
Parece que as andorinhas gregas, quando sozinhas, também não faziam verão. Pelo menos é o que afirma Aristóteles na Ética a Nicômaco (na tradução, claro).
Eis a passagem:
"...Mas devemos acrescentar que tal exercício ativo deve estender-se por toda a vida, pois uma andorinha não faz verão (nem o faz um dia quente), da mesma forma um dia só, ou um certo lapso de tempo, não faz um homem bem-aventurado e feliz" (1097a 8).
Eis a passagem:
"...Mas devemos acrescentar que tal exercício ativo deve estender-se por toda a vida, pois uma andorinha não faz verão (nem o faz um dia quente), da mesma forma um dia só, ou um certo lapso de tempo, não faz um homem bem-aventurado e feliz" (1097a 8).
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