Saturday, December 31, 2005

Serviço de utilidade pública

Hoje é o último dia do ano. Eu poderia escrever "Feliz 2006" e ilustrar minha alegria saltitante com uma gif engraçadinha.

Poderia, mas vou continuar falando de bebida mesmo.

Algumas verdades sobre o álcool:

1. O champagne embebeda mais que o vinho, por causa das borbulhas. Elas enviam o álcool direto para o cérebro;
2. O álcool não é estimulante;
3. Você não vai ficar mais bêbado se misturar bebidas diferentes, mas certamente terá uma boa ressaca;
4. Álcool não eleva a temperatura do corpo;
5. É verdade: após alguns drinks, Tiririca vira Gianechini e Dercy Gonçalves vira Ana Paula Arósio;
6. Beber água junto com o álcool realmente evita a ressaca;
7. Vinho barato garante ressaca mais cara;
8. A barriga de cerveja não tem nada a ver com a cerveja.

Confira essas informações no site indicado no título, link "Quiz".

Friday, December 30, 2005

O álcool foi descoberto ou inventado?

Descoberto, conforme este link http://www.bbc.co.uk/science/hottopics/alcohol/index.shtml.

Acredita-se que o álcool surgiu da fermentação da água da chuva em frutas. Alguém teria esbarrado inadvertidamente em uma fruta meio madura, meio podre, caída da árvore, que havia sobrevivido a pelo menos uma chuva, e resolveu experimentar.

Bem, é o que se conta. Acredite se quiser.

O site também informa que os Babilônios já tinham, em 4300 a.C., uma bebida similar à cerveja. Na Grécia, o vinho fazia parte da refeição diária e, na Idade Média, bebia-se vinho como substituto da água, que frequentemente era contaminada.

Thursday, December 29, 2005

Bebendo muito?

Você desconfia que está passando do limite? Suspeita que pode estar bebendo demais, mas não tem muita certeza? Gostaria de saber? Apenas saber, sem compromisso?

Pois então clique no título.

Observe o teste.

Há uma pergunta no mínimo curiosa: Em qual destes países é mais provável encontrarmos mulheres abstêmias? a: Irlanda - b: Inglaterra - c: País de Gales.

O que isso tem a ver com o mistério a ser desvendado pelo teste "Estou bebendo demais?"?

Na verdade, o teste é sobre, digamos, "conhecimentos gerais" que envolvem o ato de beber... mas nem tanto. Você precisará ter algum conhecimento sobre Bridget Jones (o filme ou o diário, tanto faz) para acertar a resposta.

Pura perda de tempo. Coisa prá se fazer em fim de ano mesmo.

Tuesday, December 27, 2005

Thanks, but no thanks

Para não ser acusada injustamente de querer mudar o mundo, achei que devia pelo menos fazer uns ajustes no Papai Noel. É que não acredito em bons velhinhos, não levo os duendes a sério e acho insuportável o ar bonachão e o "ho-ho-ho".

Especialmente o "ho-ho-ho".

Enfim.

A primeira providência que o tal Noel devia tomar é emagrecer. Urgentemente.

É bom perder também os pneuzinhos.

Sugiro também mudar as músicas, que ninguém aguenta mais o "jingle bells-noite feliz-so this is Xmas".

Mas como nada é perfeito, ainda não está bom não. O tal Noel pode até ficar legal se pintar o cabelo, fizer a barba, raspar o bigode, fizer umas três lipo, malhar um pouquinho, tomar banho (isso é muuuuito importante), cortar o cabelo de vez em quando, retirar 3/4 do estômago (pode aconselhar-se com o Roberto Jefferson, que já foi Papai Noel), fizer uma plástica no nariz, não usar vermelho (nem cor-de-rosa, please!), não aparecer só uma vez por ano, não vir sempre às escondidas, emagrecer uns trinta quilinhos, ser mais alto, não usar pompom na touca (jamais!), não viver sempre de pijama, aparecer com mais frequência, demorar um pouquinho mais, ser menos discreto e mais seletivo, menos papai e mais Noel.

Aí pode até ser um Natal com Noel.

Monday, December 26, 2005

Papai Noel

Ainda no espírito do natal, quis saber que nomes o Papai Noel tem no mundo todo.

Não é lindo?

Então.

Encontrei isso aí:

Santa Claus (Estados Unidos)
Santa (Itália)
Deda Mráz (República Tcheca)
Pai Natal (Portugal)
Moş Crăciun (Romênia)
Weihnachtsmann (Alemanha)
Daidí na Nollag (Irlanda)
Le Père Noël (França e Canadá)
Papa Noel (Espanha, México e África do Sul)

Família:

A esposa, Mrs. Claus, que jamais põe os pezinhos no hemisfério sul e um priminho russo, o tal Ded Moroz.

Não é mesmo uma gracinha?

Sunday, December 25, 2005

Então é natal?

Se há algo realmente chato em fim de ano é ter de dizer "Feliz Natal" a todo mundo que encontro. Se não disser, tenho algum problema, claro.

Não é a época que acho chata, pelo contrário; chata é essa obrigação de dizer "Feliz Natal", "Boas Festas", "Felicidades", "Feliz ano novo", "Que todos os sonhos se realizem", "Feliz 2006", caixinha de fósforo, bolinha de gude, elefante cor-de-rosa e coisas do gênero.

Va lá: eu desejo tudo isso ao mundo inteiro, inclusive as bolinhas de gude, mas tenho uma preguiça danada de dizer. A gente tem de ficar repetindo esse mantra o dia inteiro, por três semanas, mais ou menos, prá todo mundo que vê: o funcionário da loja, o gerente do banco, o lixeiro, o taxista, a família, os amigos, os colegas de trabalho etc e tal. É gente demais no mundo. Será que ninguém pensa nisso?

Bem, eu penso.

Supondo uma cidade com um milhão de habitantes. Em três semanas circulando por aí, vamos supor que eu passe por, digamos, 50 mil pessoas diferentes (exagero? É só imaginar um shopping em véspera de natal). Destas, com apenas 20%, no máximo, eu mantenho algum contato circunstancial. Destas ainda, com 5% eu tenho um contato mais próximo, ainda que ocasional e, do número restante, apenas 1% eu posso dizer que conheço. Se eu somar a esse número os contatos via internet, posso chegar ao seguinte: tirando dos 50 mil iniciais os 2o% que existiram de algum modo para mim e com os quais cheguei a falar (ainda que fosse apenas "bom dia" e "feliz natal"), tenho 10 mil. A estes, somam-se os contatos da internet; digamos, umas 50 pessoas. Então eu tenho de dizer "feliz natal" 10.050 vezes. Multiplicando o número por 2, já que também tenho de dizer "Feliz ano novo", a soma chega ao absurdo de 20.100 vezes!

Credo. Não quero isso prá mim, não. Se eu dividir este resultado pelo número de segundos do dia, vou descobrir que parte do meu tempo e energia está sendo investido em dizer frases repetitivas, vazias, sem significado, puramente por obrigação social e para não parecer, digamos, esquisita.

Então, prá resolver o assunto de vez e não ter de desejar Feliz Natal a mais ninguém, repasso:

"Boas Festas...

B... ...estas!"

Ops! Engasguei.

É o vinho.

Saturday, December 24, 2005

Radiografia de lula

O projeto é ambiciosíssimo e está apenas nos seus primórdios: recolher as migalhas dos discursos lulistas, tão brilhantemente repetidos por esse país afora. Mas, apesar das dificuldades, propomo-nos a registrar humildemente neste humildíssimo brogue os discursos de nosso grande metalúgico, o maior da história depois de Lech Walesa:

ou seja,

neste país

sabe

nesse país

ou seja

em nosso país

sabe

para que a gente possa

ou seja,

para poder

sabe

para poder

ou seja

fazer com que

sabe

para poder fazer com que a gente possa

ou seja

que a gente possa

sabe

no sentido de fazer com que a gente possa

ou seja

nesse país.

Friday, December 23, 2005

Os filósofos e os porcos (3): Heráclito

De Heráclito de Éfeso, filósofo grego, sobre os porcos: porcos em lama se comprazem, mais que em água limpa.

Thursday, December 22, 2005

Os filósofos e os porcos (2): Sócrates

Da sabedoria popular: melhor um porco vivo que um Sócrates morto.

É. Pois é.

Wednesday, December 21, 2005

O gene da dislexia

Encontraram o gene da dislexia.

Sim, os cientistas identificaram um gene que passa de geração a geração em família com uma estatística bem alta de pessoas com dificuldade de leitura.

Suspeita-se que o gene DCDC2, cuja função ainda não foi demarcada com certeza, seria o responsável pelas conexões que permitem a leitura normal. O que se sabe até agora é que em pessoas disléxicas há partes deste gene que estão faltando.

Tuesday, December 20, 2005

É, asfalto.

Olha só. Descobri que múmia significa, originalmente, asfalto.

Monday, December 19, 2005

Ô vontade!

Nedeljko Ilincic, bósnio de 75 anos, jura que se casou 162 vezes. Diz que pretende casar-se mais umas cem vezes.

Imagine. Não dá tempo. E, depois, divórcio sai caro. Ou ele considera "casar" namorar uma semana?

Sunday, December 18, 2005

Cruzadas (7): Tá bom, já entendi

O rei inglês Ricardo Coração de Leão, na verdade um francês que não falava uma palavra de inglês, precisava derrotar Saladino para recuperar Jerusalém.

Informado de que os hashashin, xiitas liderados pelo Velho da Montanha, lutavam contra Saladino, Ricardo enviou seu irmão Henri de Champagne ao castelo onde o Velho da Montanha vivia, para negociar alguma espécie de acordo que destruiria Saladino e beneficiaria a ambos.

Sinan, o Velho da Montanha, achou que devia mostrar aos cruzados que seus homens lhe devotavam total fidelidade e obediência. Para tanto, ordenou que se atirassem da torre, um a um.

No terceiro homem, Henri de Champagne conseguiu convencer Sinan de que havia entendido o recado. Imagine. O doido ia matar o exército inteiro -- seu próprio exército -- só prá mostrar que com ele não se brinca.

Entendi não. Desconfio que Henri também não entendeu. Imagino que ele tenha retornado e dito ao irmão, Ricardo: "Vá por mim: é melhor negociar com Saladino".

Em todo caso a história, a acreditar nos cronistas árabes da época e nos relatos dos cruzados, é verdadeira, por mais absurda que pareça.

Saturday, December 17, 2005

Mitologias (4): O jantar está servido

Há, na mitologia grega, uma certa tendência à repetição de comportamentos em uma mesma família.

Tântalo, como já disse, serviu o filho Pélops aos deuses. O neto de Tântalo chamava-se Atreu, e seria o pai de Agamemnon e Menelau, reis vitoriosos na guerra contra Tróia, mas isso não importa.

O que interessa é que Atreu e seu irmão Tiestes, incitados pela mãe, mataram um tal Crisipo, filho bastardo de Pélops. Foram obrigados a fugir. No exílio, caíram nas boas graças do rei de Tirinto que, ao morrer, foi sucedido por Atreu. Logo depois morreu Pélops e Atreu também se tornou rei de Micenas.

Tiestes ficou um tanto indignado. Afinal, ele também tinha direitos. Para se vingar, seduziu a mulher de Atreu e tentou roubar-lhe o trono. Fracassou, mas o ódio entre os irmãos já era um fato.

Pouco tempo depois Tiestes pediu perdão a Atreu, que o convidou para um jantar... em que Tiestes descobriu que seus filhos é que estavam sendo servidos como prato principal.

Atroz, diz-se, vem daí. De Atreu.

Friday, December 16, 2005

Cruzadas (6): Achachin

Qualquer semelhança com fatos ou pessoas da atualidade não será mera coincidência.

Ao final do século 12, um certo religioso chamado Sinan, "O velho da Montanha", liderava uma seita de fanáticos, literalmente treinados para matar e morrer.

Os fanáticos dessa cheita causavam verdadeiro horror pela crueldade com que matavam e pela facilidade com que dispunham de suas vidas.

Qual é o chegredo de tanta corachem?

Haxixe, ora!

Antes de chaírem para o martírio, os jovens tinham uma visão do paraíso com o uso de hashish (haxixe, ou maconha), em uma cherimônia religiosa destinada a entregar ao deus a sua alma e permitir que ele dirigisse suas ações a partir de então.

Daí, dizem, a palavra assassinos (originalmente hashashin, seguidores do haxixe ou, se se quiser, maconheiros).

Thursday, December 15, 2005

Mitologias (3): O suplício de Tântalo

Tântalo era um sujeito estranho. Seu desejo de agradar aos deuses - e testá-los - era tão grande que os convidou para um jantar em que o prato principal era seu filho, Pélops. Quando os deuses começaram a se servir e perceberam o que estava acontecendo, ficaram indignadíssimos com o anfitrião e não hesitaram em puni-lo severamente: Tântalo passaria a eternidade com fome e sede. Quando tentasse beber água, o rio fugiria. Quando estivesse prestes a alcançar uma macieira, ela fugiria, deixando-o sempre com fome e sede.

Wednesday, December 14, 2005

Errei

O inferno não é exatamente como o descrevi. É que nunca estive lá, e conto só o que me contaram, entende?

Enfim.

Um amigo observou que há seis rios no Hades, e não cinco, como eu afirmei. De fato encontrei mais um, o Erídano, como se pode ver no mapa linkado no título.

Assim, revisando:

1. Cocito, ou Rio das Queixas;
2. Aqueronte, ou Rio das Lamentações;
3. Periflegetonte, ou Rio de Chamas de Fogo;
4. Lethe, ou Rio do Esquecimento;
5. Estige, ou Rio do Ódio;
6. Erídano, localizado ao norte do Hades.

Mas então continuei pesquisando e encontrei este link http://historylink102.com/greece2/underworld.htm
que menciona apenas cinco rios.

E fiquei confusa.

Que inferno.

Monday, December 12, 2005

Pigmaleão revisto (1): Corno, não!

Arnolfo tinha uma idéia fixa: não ser corno jamais. Para isso, bastava não casar, não namorar, não coisa-nenhuma. Mas aí não tem filhos etc e tal. Ruim, né? Então o jeito é garantir que a futura mulher nunca o traia.

É verdade, existe aquela solução das Mil e uma noites, matar a mulher logo após a noite de núpcias, mas isso é radical demais e hoje dá cadeia. Melhor tentar algo mais natural: escolher uma criança pobre e pagar à família pra educá-la pura, sem vaidade, sem malícia, sem maldade e sem qualquer contato com a sociedade. Perfeito. Quando a jovem estiver em idade de se casar, será tudo como planejado.

Quase.

Arnolfo não prestou atenção em um detalhezinho, uma coisinha de nada, fatal para o sucesso do plano: a mocinha era mesmo muito ingênua. Bobinha. Inocente. Tolinha. E caiu na primeira conversa fiada. Não por maldade, mas porque era boba mesmo.

Arnolfo forjou o destino que queria evitar. Fazer o quê.

.............................................

Esta é a história da peça Escola de Mulheres, de Moliére (1622-1673). Divertidíssima.

Friday, December 09, 2005

Ciumento, eu?

Se há algo que se possa dizer a respeito do filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860) é que ele não era ciumento. De jeito nenhum.

Como quase toda a Europa culta, Schopenhauer admirava Lord Byron, o poeta inglês, não exatamente pela qualidade de sua poesia, mas sim pela aura de liberdade, coragem e idealismo que o cercava.

No ano de 1808 o filósofo soube que o poeta estava em Veneza. Não pensou duas vezes: viajou à Itália somente para conhecê-lo, levando consigo uma carta de apresentação de Goethe. Byron, uma celebridade, não recebia qualquer um.

Tudo acertado, o filósofo descobriu que o poeta costumava cavalgar em um parque, em Veneza, a certa hora do dia. À mesma hora, dirigiu-se ao local acompanhado de sua amante italiana, Tereza.

Caminharam pelo parque até que avistaram Byron se aproximando, a certa distância. O momento pelo qual esperara durante tanto tempo finalmente chegara... e então Tereza fez um comentário besta, do tipo "esse homem lindo que vem aí é o poeta que você quer conhecer?"

Pronto. Byron passou, sem ter idéia do que acontecia. Schopenhauer conta que arrependeu-se amargamente. Teria sido melhor perder a namorada que perder a oportunidade de conhecer o poeta.

Pouco depois Byron estava morto, o filósofo já tinha outra amante e Tereza... quem é mesmo Tereza?

Thursday, December 08, 2005

Nefelibata (1): Primeiros Analíticos

É uma verdade universalmente conhecida que nossos temperamentos e inclinações naturais estão intimamente relacionados com a situação do céu no momento do nascimento.

Pois bem. Também acho. A presença ou ausência de nuvens no instante do nascimento é determinante na formação da personalidade.

Pensando nisso, desenvolvi uma teoria científica sobre a relação necessária entre nuvens, céu, parto e vida futura, que apresentarei em mais de uma sessão de análise.

Então.

Para tornar minha apresentação mais didática, vou associar cada um dos estados celestes (que chamarei de signos) a um filme, novela, seriado ou qualquer outro veículo de comunicação de massa.

Assim:

1. Céu com nuvens do tipo stratus: A insustentável leveza do ser;
2. Céu com nuvens do tipo cirrus: Dom Casmurro;
3. Céu com nuvens do tipo nimbus: As mil e uma noites;
4. Céu com nuvens do tipo cumulus: O último samurai;
5. Céu com nuvens do tipo cirrustratus: Agonia e êxtase;
6. Céu com nuvens do tipo altocumulus: O poderoso Chefão;
7. Céu com nuvens do tipo altostratus: Eu sei o que vocês fizeram no verão passado;
8. Céu com nunvens do tipo stratocumulus: Pimpinela Escarlate;
9. Céu com nuvens do tipo nimbustratos: Sansão e Dalila;
10. Céu com nuvens do tipo cumulonimbus: O som e a fúria;
11. Céu sem nuvens: A escolha de Sofia;
12. Céu com estrelas: O manto sagrado.

Pronto! Agora você já pode dizer como estava o céu no momento de seu nascimento. Se não souber, é só fazer o seguinte cálculo:

h + l + d
________ . e
lg . lt

sendo:

hora do nascimento = h
local de nascimento = l
data de nascimento = d
estação do ano = e
longitude = lg
latitude = lt

Wednesday, December 07, 2005

É tudo verdade, ora

Só porque exprimo as coisas tais como elas são, terei de ouvir de novo que minha filosofia é desesperadora, preferindo, as pessoas, que eu dissesse que Deus fez tudo segundo o melhor. Que essas pessoas, então, se dirijam à igreja, e deixem os filósofos em paz. Ou pelo menos que não exijam que os filósofos disponham suas doutrinas de forma a corresponder aos seus anseios. Isso quem faz são os filosofastros e os trapaceiros, aos quais podem-se encomendar doutrinas conforme ao gosto.

Arthur Schopenhauer, Dores do Mundo.

Tuesday, December 06, 2005

Questão irrelevante (1): o cuco

Quem teria inventado o relógio cuco?

Sobretudo, por que?

Monday, December 05, 2005

Periflegetonte e o vulcão

Sim, Periflegetonte é o rio de chamas de fogo do inferno.

O que isso tem a ver com vulcão?

Ora...

O inferno fica embaixo da terra, certo? No inferno há um rio que é puro fogo, certo? Ninguém impede o curso de um rio, certo? Especialmente um rio de fogo, certo?

Então está explicado: o rio às vezes quer sair do inferno. O que faz? Testa a superfície até encontrar um jeito de passar por uma montanhazinha... só prá ir virar pedra lá na frente.

.....................

É mais ou menos assim que os gregos explicavam os vulcões. Mais prá menos.


Sunday, December 04, 2005

Bacia hidrográfica do inferno

Apresentei aqui, há um tempo atrás (13 de maio, precisamente) o mapa do Hades, a região dos mortos. Mas ainda faltava uma coisa: a descrição (platônica, claro) de cada um dos cinco rios que irrigam o inferno. É... cinco rios irrigam o inferno.

Quem pode dizer em sã consciência que nunca, jamais, em tempo algum vai precisar saber disso? Ninguém, né?

Então vamos lá:

1. Cocito, ou Rio das Queixas: reclame de tudo; assim você se sentirá mais à vontade em seu novo habitat.
2. Aqueronte, ou Rio das Lamentações: dê uma paradinha aí prá lamentar ter ido parar no meio do inferno.
3. Periflegetonte, ou Rio de Chamas de Fogo: desse, é melhor fugir.
4. Estige: rio menor, que tem como maior mérito dar ensejo à formação do Rio de Fogo, o Periflegetonte.
5. Lethe, ou Rio do Esquecimento: se chegar até esse rio, você já tirou a sorte grande. Aproveite prá mergulhar e esquecer tudo... até mesmo que tirou a sorte grande.

Saturday, December 03, 2005

Cruzadas (5):Terry Jones

Terry Jones, um dos fundadores do grupo Monty Python, é especialista em Idade Média. Ele atuou, dirigiu e escreveu roteiros de filmes do grupo (basicamente três: A vida de Brian, Rei Artur e o Cálice Sagrado e O sentido da vida). Em 1995, escreveu e apresentou a série da BBC sobre as cruzadas, em quatro episódios (Crusades), motivo de polêmica até hoje. Jones não esconde o desprezo pela visão de mundo medieval e, particularmente, pelas cruzadas. Tudo o que se refere às cruzadas é motivo de riso. De qualquer forma, vale a pena ver.

Friday, December 02, 2005

Poster metafísico

Encontrei uma página na internet que vende, segundo anuncia, pôsteres metafísicos. Os melhores, diz o anúncio.

O curioso é o metafísico da história: pirâmides do Egito, esfinge, Taj Mahal, Stonehenge, sistema solar, flor, ruínas da Acrópole, coisas assim. Até a imagem de uma abdução por alienígenas pode ser encontrado na página.

Então uma bula papal é metafísica?

Thursday, December 01, 2005

Cruzadas (4): O Ricardinho vem aí

E por falar em Ricardo Coração de Leão: ele não poupava esforços para inspirar o medo em seus adversários. Por onde passava, deixava um rastro de sangue.

Suas crueldades eram tão conhecidas que o medo permaneceu muito tempo na memória dos muçulmanos.

As mães, para disciplinar os filhos, diziam: "Se não obedecer, o Ricardo vem te pegar".

Wednesday, November 30, 2005

Cruzadas (3): A marcha das crianças

Ano de 1217. Há pouco mais de um século o vaticano convocava seus fiéis para lutar pela Terra Santa, o que significava basicamente expulsar os ímpios de Jerusalém. Nesse momento, o ocidente amargava um fracasso retumbante após quatro cruzadas. Nem mesmo toda a carnificina que promoveram no Oriente foi suficiente para garantir a vitória.

Era preciso uma injeção de ânimo e fé, e o vaticano deu prova de entender bem do assunto: alegou que os cruzados não recuperaram Jerusalém (e com ela o Santo Sepulcro) porque eram pecadores. Claro, eram adultos e adultos pecam até em pensamento. Somente alguém puro de espírito poderia devolver a Terra Santa aos cristãos.

Quem é puro de coração nessa terra? As crianças, claro.

Então o problema todo consistia em convencer as crianças e seus pais de que Deus precisava delas - coisa, aliás, facílima - e eis o absurdo dos absurdos: cinqüenta mil crianças marchando para Jerusalém, arma em punho e adulto aproveitador ao lado, marchando para lutar contra os muçulmanos, armados sobretudo de pureza.

Muita pureza, que acabou na morte precoce e na escravidão.

Quem não morreu foi vendido como escravo.

Tuesday, November 29, 2005

Cruzadas (2): Chovendo cabeças

Os cruzados haviam tomado Jerusalém, transformado quase todos os seus habitantes (judeus e muçulmanos) em cadáveres, criado o Reino de Jerusalém e nomeado Godofredo de Bouillon seu governante.

No entanto, o exército de Saladino, o grande líder sarraceno, estava tendo vitórias importantes sobre os cristãos, na cidadezinha de São João D’Arce, porto do Reino de Jerusalém. Seu propósito claro era a retomada da cidade.

Ricardo Coração de Leão, rei inglês (1157-1199), o grande herói cruzado, dirigiu-se em 1191 ao porto de São João D’Arce, sitiado há vários meses pelos cristãos, cujo exército se encontrava enfraquecido e desanimado.

Eis a situação: o sítio já se estendia por longos meses e, embora cercados, os habitantes de Arce não davam mostras de que se renderiam. Os muros da cidade eram resistentes o bastante para serem derrubados e Saladino não tardaria a enviar mais tropas para combater os cristãos. Ou seja, se esperassem um pouco mais até a rendição da cidade (já que, sitiada, os habitantes sofriam com a falta de alimentos e água e não tardariam a se render), enfrentariam as tropas competentes de Saladino. Se desistissem, estariam a um passo de perder novamente Jerusalém. Só havia uma coisa a fazer: obrigar os habitantes de Arce a se entregar.

Os recém-chegados, Ricardo e o rei da França, Felipe Augusto, construíram enormes catapultas, mas o que lançaram à cidade não foram pedras ou tochas. Ricardo ordenou que os habitantes das regiões circunvizinhas, miseráveis que não puderam se abrigar dentro da cidade, fossem degolados um a um. De hora em hora uma cabeça era atirada por sobre o muro, com o auxílio da catapulta.

Imagino o terror dos habitantes de Arce, sob uma chuva de cabeças. Em pouquíssimo tempo renderam-se todos.


Monday, November 28, 2005

Cruzadas (1): A Cruzada dos Mendigos

Todo mundo queria resgatar Jerusalém, ocupada pelos sarracenos: os ingleses, os alemães, os franceses, os italianos, os padres, os nobres, as crianças, os gansos e os mendigos.

Um tal Pedro Eremita, um padre fanático, achou que a conquista de Jerusalém era sua missão. Com a ajuda dos miseráveis de Cristo, haveria de conseguir.

Afinal, o Reino de Deus é dos pobres de espírito e de bolso, certo?

Certíssimo. Pedro Eremita reuniu, em 1096, uma multidão de fiéis miseráveis armados de paus, pedras, facas, facões, enxadas, panelas, estilingues, etc. e rumou em direção à Terra Santa... e ao Santo Sepulcro: foram todos massacrados pelos turcos.

Sunday, November 27, 2005

Relógios parados

Li em algum lugar que relógios parados estão absolutamente certos duas vezes ao dia.

É verdade, mas o mesmo vale para relógios quebrados.

Isto significa também que relógios que funcionam podem nunca estar certos, o que é verdade também, mas é uma idéia curiosa achar que estar parado no tempo significa acertar vez ou outra (ainda que na maior parte das vezes esteja errado) e mover-se significa a possibilidade de errar sempre.

Saturday, November 26, 2005

Catalogando aparições (1): Cristo

Ao escrever o último post, pensei: por que não fazer uma lista das aparições de Cristo, Maria, Elvis e Papai Noel?

Juntas, talvez elas soem como o que realmente são: fantasias tolas, com um tempero de insanidade e megalomania.

Eis as do campeão, Jesus de Nazaré, vulgo INRI:

- batata frita
- armário
- mancha em parede de banheiro
- tronco de árvore
- pão de forma
- cortina
- pedra
- folha de árvore (desenhado por formigas)
- peixe
- ostra
- sanduíche

E as últimas:

- Caminhonete (vide link do último post)
- Osso de peixe (http://www.nbc4.tv/news/5190133/detail.html)
- Janela (http://www.nbc4.tv/news/4541162/detail.html)
- Raio-X de dente (http://www.nbc4.tv/news/3968497/detail.html)

Repetindo: raio- x de dente.

Atenção: Cristo apareceu no raio-x de um dente.

O que ele pode estar querendo nos dizer?

Quanto a Maria, Elvis e Papai Noel, deixo para outro dia.

Friday, November 25, 2005

Ói nóis aqui travêis!

Ei-lo que volta, em toda sua glória: Cristo retornou aos tapetes, banheiros, pães-de-queijo e quetais. Desta vez, deu o ar da graça no vidro de uma caminhonete, e já apareceram 150 peregrinos para ver o milagre. Ô glória!

Bom é que a face de Jesus é desenhada pela poeira.

Essa caminhonete nunca mais vai ser lavada, mas aposto que vai ser vendida. No e-bay. Quem sabe na Amazon. Talvez até no Mercado Livre.

Só quero saber quando é que Cristo vai aparecer em um espelho. Isto seria interessante para a psicologia. Vai-se direto ao ponto.

Thursday, November 24, 2005

Assassinados ilustres

Estava interessada em obter informação sobre Alan Berg, o radialista de Detroit assassinado por um ouvinte, em 1984, e encontrei uma página no mínimo bizarra: trata-se de uma lista de pessoas assassinadas. Do Brasil, constam Chico Mendes, Sérgio Vieira de Melo e Dorothy Stang. Interessante.

Wednesday, November 23, 2005

Os filósofos e a felicidade (3): ser ou não ser

Considerado o fundador do ceticismo, o filósofo grego Pirro de Élida (365 - 275 a. C.) tinha uma receita infalível para a felicidade:

Misture duas colheres de impassibilidade com três xícaras de ausência de crenças. Junte à massa três copos de ausência de opiniões, uma pitada de controle das sensações e tempere com a convicção de que cada coisa “é e não é”. Ou seja, de que não há nada definitivo. Cozinhe em fogo brando por toda a vida.

Eu não experimentei, mas acho que funciona. Especialmente a última parte.

Tuesday, November 22, 2005

Vitória de Pirro

Pirro (318 a.C. - 272 d.C.), cujo nome significa "ruivo", foi um grande general, rei do Épiro e da Macedônia e ofereceu alguma resistência a Roma.

Em uma batalha contra os romanos, Pirro venceu, mas perdeu 3500 homens, uma parcela considerável de seu exército.Quando o saudaram pelo sucesso, disse: "mais uma vitória como esta, e estou perdido".

Muito bem dito, mas ele não chegou a ganhar novamente para saber se tinha razão. Pouco tempo depois, em uma batalha nas ruas de Argos, uma velha que se encontrava no alto de um edifício o acertou com uma telha. Pirro ficou desacordado tempo o suficiente para ser morto pelo adversário.

Monday, November 21, 2005

Brigando pela sombra e perdendo o essencial

Encontrei por aí:

Um viajante alugou um asno para levá-lo a um lugar distante. O dia estava muito quente, o sol brilhava em plena força, e o viajante resolveu parar para descansar. Para amenizar o calor, refugiou-se à sombra do asno.

O dono do asno achou que o aluguel só dava direito ao uso do animal e não da sombra. O viajante alegava que tinha pago pelo asno e, portanto, pela sombra.

A disputa ficou acirrada e logo passou aos tapas e socos.

Enquanto brigavam, o asno fugiu.

Sunday, November 20, 2005

Filho de Miguelangelo, sim. Por que não?

Joseph Doherty, um londrino de 21 anos, foi condenado a pagar duas mil libras de indenização por ter colorido o vagão de um trem com sua arte.

Preconceito?

Falta de sensibilidade artística?

Seja como for, o juiz não apenas condenou o grafiteiro, como também lhe deu uma bela bronca: Doherty podia achar que era o filho de Miguelangelo, mas não passava de um vândalo, sujando a cidade com rabiscos feios.

A resposta de Doherty foi surpreendente: ele reproduziu, durante o julgamento, a Criação de Adão de Miguelangelo usando apenas spray e um quadro.

O juiz não se deixou convencer: "Os grafiteiros podem até ser talentosos, mas o que fazem é ilegal. E estão muito distantes de Miguelangelo".

Doherty vendeu seu Miguelangelo por 800 libras.

Saturday, November 19, 2005

Briga de filósofos (2): Voltaire X Rousseau

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778 ) enviou a Voltaire (1694-1778) um exemplar de seu Discurso sobre a origem da desigualdade entre os povos, em que argumentava contra a civilização, a ciência e as letras e defendia o retorno a uma condição natural em que os homens viveriam como animais.

Voltaire respondeu: "Recebi, senhor, vosso novo livro contra a espécie humana, e agradeço-vos a remessa... Ninguém foi tão espirituoso como vós ao tentar nos transformar em animais; ler o vosso livro faz com que sintamos vontade de andar de quatro. No entanto, como abandonei essa prática há cerca de sessenta anos, acho que me é infelizmente impossível voltar a adotá-la".

Sobre o Contrato Social de Rousseau, Voltaire diz: "Jean-Jacques se parece tanto com um filósofo quanto um macaco com um homem".

E ainda: "Jean-Jacques é o cão de Diógenes que ficou louco".

Placar: Voltaire 3, Rousseau 0.

Friday, November 18, 2005

ET cearense

E não é que encontraram um crânio de ET em Quixadá, no Ceará, há duas semanas atrás?

O mais provável é que se trate do crânio de um animal terrestre, que tenha nascido com alguma deformação. Em todo caso, os ufólogos, que dizem não descartar nenhuma possibilidade, acham que é mesmo um extraterrestre, falecido talvez durante o pouso do disco voador. Mas pode ser também um chupa-cabra que morreu de fome no nordeste. Sabe-se lá.

Wednesday, November 16, 2005

Mitologias (2): A cama de Procusto

Procusto era um bandido com uma idéia fixa: queria que todos fossem do seu tamanho. Exatamente a mesma altura. Para isso, aguardava nas estradas até que aparecessem viajantes, roubava-os, sequestrava-os e os obrigava a deitar em sua cama. Se fossem maiores que a cama, serrava as extremidades das pernas; se fossem menores, esticava os membros, puxando-os com cordas, até que chegassem ao comprimento exigido.

O mito não conta, mas o provável é que ninguém conseguisse sobreviver à cama de Procusto.

Tuesday, November 15, 2005

Mitologias (1): Pigmaleão e Galatéia

Em um belo dia um escultor de grande talento visualizou, na pedra, as formas de uma mulher perfeita. Trabalhou incansavelmente até esculpir a imagem que visualizara. Concluído o trabalho, apaixonou-se pela mulher. Tudo o que desejava era fazê-la viver, para que pudesse amá-la.

Durante dias e noites pediu à deusa Afrodite que desse vida à sua escultura, que fizesse viver seu ideal. Tanto implorou, que a deusa o atendeu: a pedra transformou-se em carne e ossos e a mulher ideal ganhou vida. Pigmaleão, o escultor, deu à sua deusa encarnada o nome de Galatéia.

Dizem alguns que eles se casaram e foram felizes para sempre. O homem e seu ideal.

Engraçado que essa história seja uma das poucas com final feliz da mitologia grega.

Monday, November 14, 2005

Automedicação (2): hidropsia

O filósofo grego Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C.) era uma figura estranha. Aristocrata, ainda novo desligou-se da família e da cidade e mudou-se para uma gruta. Alimentava-se só de vegetais e convivia apenas com animais e crianças.

Lá pelos sessenta anos, o tipo de vida que levava começou a pesar. Heráclito arrumou uma doença chamada "hidropsia", espécie de barriga d´água. Retornou à cidade, à procura de um médico, mas ao invés de perguntar quem poderia curá-lo da hidropsia, quis saber se havia alguém na cidade que seria capaz de "transformar um aguaceiro numa seca".

Não foi entendido, claro, e teve de se automedicar.

Pois bem. Heráclito receitou a si mesmo deitar sob o sol quente e cobrir-se de esterco. A idéia era aquecer o corpo o bastante para que a água em excesso do interior secasse. Em dois dias estava morto, sem que se tenha certeza da causa da morte.

De todo modo, verdade seja dita: ele conseguiu se livrar da doença.

Sunday, November 13, 2005

O belo e o feio

Ainda sobre Bollywood: apesar de retratar a Índia, um país onde há muita pobreza, não há feiúra no filme a que assisti. As pessoas são belas, muito bem vestidas, vivem bem (apesar de se dizerem pobres), viajam pelo mundo, são felizes e não têm conflito. Ou seja, tudo perfeito e ilusório.

Já o cinema árabe, ao menos o que tenho visto, destaca a pobreza, a mesquinhez, a pequenez e, ao mesmo tempo, a grandeza diante da adversidade. O retrato do país é, via de regra, centrado na pobreza e na feiúra. As pessoas são feias, mal vestidas, ignorantes. As ruas são vielas sujas, sem asfalto. A esperteza e o oportunismo reinam. É tudo muito feio.

Não há o que discutir: os filmes árabes, se comparados aos indianos de Bollywood, são infinitamente superiores. Mas qual é o critério que me permite fazer essa afirmação? O realismo? Desde quando o realismo virou um certificado de qualidade da arte?

Quando foi que começamos a cansar da mentira e a exigir a verdade?

Saturday, November 12, 2005

Eu e Bollywood: história de um tédio

Bollywood e eu não nos entendemos bem. Não sei o que dizer. Talvez eu esperasse algo como o bom cinema iraniano, mas o que encontrei foi um musical bem ao estilo da Hollywood dos anos 50, o que sempre detestei e planejo continuar detestando.

Eu tolero quase tudo no cinema, menos dramas familiares e filmes em que, do nada, alguém começa a cantar ou a dançar.

Imagine esse diálogo:

Alguém diz

-- Quando viajará?

Outro alguém responde, com voz de soprano, começando stacatto e terminando pianíssimo:

-- Não irei, não irei, não irei... Laralaralá, laralaralá... meu lugar é aqui... laralaralá... sempre foi... larali... sempre será... laralá... la... ra... lá...

E isso é tudo? Ledo engano!

Outra pergunta boba, e lá vem novamente Pavarotti ou Maria Callas, responder com uma cantoria besta de dez minutos. Ninguém merece. Por que não contam a história, simplesmente?

Enfim. Bollywood é a indústria do cinema de Nova Delhi, quase tão popular quanto Hollywood. Para consumo interno. Agora que já sei disso, posso voltar a assistir aos filmes iranianos. Sem culpa.

Friday, November 11, 2005

Automedicação (1): gagueira

O tebano Demóstenes, que viveu no século IV a.C., uma das maiores figuras da Grécia, possuía um talento extraordinário para assuntos de guerra. A derrota do grande exército de Esparta para Tebas deveu-se ao gênio de Demóstenes.

No entanto, ele tinha uma dificuldade: era gago. Um problema realmente sério, na Grécia Antiga.Os gregos tinham grande amor pela beleza dos discursos e tendiam a apoiar quem se expressasse bem. Um gago que tentasse convencer a Assembléia de que era suficientemente competente para conduzir um exército jamais seria bem sucedido. Não conseguiria sequer se fazer ouvir. Seria necessário, antes, curar a gagueira, tarefa impossível para a época.

Mas Demóstenes curou a si mesmo com uma estratégia que, segundo consta, ele mesmo criou: todos os dias, deslocava-se para o alto de uma colina, enchia a boca de pedras e discursava para o vale (a fim de que o eco o informasse dos progressos). Alguns anos, e estava curado.

Tornou-se um dos grandes oradores da Grécia e o melhor estrategista que seu país conheceu.

Thursday, November 10, 2005

Teste de QI

E por falar em animais, eis outro teste: no site indicado no título você será informado sobre técnicas para testar a inteligência de seu animalzinho de estimação. Com essa informação, claro, você poderá valorizá-lo ainda mais (é parecido com você em lealdade e inteligência) e - por que não? - torná-lo mais dócil e servil. Afinal, para que servem os animais?

A diferença entre este teste e os demais que mencionei aqui é que este tem - ou pretende ter - um caráter científico. Ou seja, supõe-se que contenha alguma verdade e seja útil.

Wednesday, November 09, 2005

Perguntinha Básica (3)

Por que os elefantes precisam de orelhas tão grandes, se ouvem com os pés, o rabo e a tromba?

Ahá! Encontrei um furo na teoria evolucionista!

Tuesday, November 08, 2005

Você sabe o que é um Kraken?

Kraken é um monstro marinho lendário, da mitologia nórdica. Uma criatura semelhante à Cila, da mitologia grega: gigantesca, cheia de tentáculos, que tem como único objetivo devorar tudo o que encontra pela frente.

A gente sabe que a Cila é uma fantasia, mas os Krakens existem. Eles teriam aparecido pela primeira vez na Noruega, no século XII, e seriam do tamanho de uma ilha.

É, uma ilha. Pequena, certamente.

Exageros à parte, os Krakens seriam lulas gigantes, que chegam a 20 metros (sim, 20 metros!) e são bastante agressivas.

Não é de admirar que se criassem tantas histórias em torno do animal.

Monday, November 07, 2005

O paraíso dos testes

Para quem gosta de testes (ou não resiste a eles), eis um prato cheio: no link indicado no título há todo tipo de teste, desde "que tipo de vaca é você" até "você é paranormal?"

Não deu prá saber que tipo de vaca eu sou, porque o link não abriu, mas fiquei sabendo que não sou nem um pouco paranormal, porque minha mente está "muito materializada", o que quer que isso signifique.

Veja alguns dos testes da página:

--Que instrumento musical você é?

--Que comida de pobre você é?

--Que inseto você é?

--Que carro você é?

--Que personagem da turma do Chaves você é?

--Que animal de estimação você é?


--Que música do Los Hermanos é você?

--Que ingrediente da Coca-Cola você é?

--Que chocolate você é?

--Que personagem de Julia Roberts você é?

--Que prostituta do cinema você é?

--Que tipo de Bridget você é?


--Que aniversariante do dia nove de março você é?

--Você está com mais sono do que deveria?

--Que bicha famosa é você?


Pois é. Sabendo usar, não vai faltar.

Sunday, November 06, 2005

Aconteceu

Acredite se quiser: uma cobra de 2,5 m entalou em um vaso sanitário em Kuala Lumpur, na Malásia.

Ao final, salvaram-se todos.

Saturday, November 05, 2005

O Cristo do armário

Cristo realmente gosta de aparecer. Desta vez, Jesus e dois discípulos deram as caras no guarda-roupa de uma família romena, na época do natal. Disse a mulher que, quando viu as imagens, fez o sinal da cruz e começou a rezar em seguida. Depois contou aos amigos, e passaram a rezar juntos diante das imagens.

Ao ler a reportagem, fiquei imaginando a rua inteira de joelhos, diante do guarda-roupa, rezando.

Bizarro.

Insólito.

Já dizia Heráclito de Éfeso: "... e também a estas estátuas eles dirigem suas preces, como alguém que falasse a casas..."

Friday, November 04, 2005

Carreguei muita pedra nessa vida

Descobri que fui homem na última encadernação, vivi no Canadá em torno de 1750 e fui ator e músico.

Muito bem.

Minha missão para a vida atual é a de cultivar e distribuir o amor, a alegria e a felicidade.

Hã.

Empolguei e quis saber a vida passada da família inteira (sem conhecimento deles, claro): um viveu na Escócia em 1310, outro em Sumatra em 850, outro ainda foi filósofo, outro foi fazendeiro.

Meu pai acredita que foi escravo no Egito Antigo e ajudou a transportar pedras para a construção de uma pirâmide. É sério, ele tem certeza disso. Diz que sabe. Não, não é espírita. Nunca foi. Apenas sente que viveu no Egito. Diz que tem tudo a ver.

Mas como assim, "tudo a ver"?

Quando pesquisei a vida passada de meu pai e encontrei "África Central, 1550", ele ficou ligeiramente decepcionado.

Tudo bem, eu disse. Esta é só a última encadernação.

E la nave va.

Thursday, November 03, 2005

Olhe o passo do elefantinho

Pegadas gigantes em Bollington, Manchester, renovaram a crença de que existe mesmo o tal BigFoot (vulgo Pé Grande). O curioso é que as pegadas foram encontradas poucas horas depois de uma ovelha ser morta por algum animal predador.

Por enquanto, só pegadas.

Sou capaz de apostar toda a fortuna que não tenho como o tal Pé Grande jamais vai aparecer, mas continuaremos encontrando as pegadas.

Wednesday, November 02, 2005

Observe os animais

Há algum tempo atrás eu disse, neste blog, que os hieróglifos podem ser lidos em qualquer direção: da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. É verdade. Agora descobri que a direção correta da leitura de um texto específico é indicada pelas figuras de animais: se elas estiverem voltadas para a esquerda, leia-se da esquerda para a direita. Se estiverem voltadas para a direita, leia-se da direita para a esquerda.

Ah. Então era isso.

Tuesday, November 01, 2005

Óbvio ululante

Assisti, hoje, a um documentário do National Geographic sobre o Santo Sudário. A conclusão, nós já sabemos, é de que a peça data do final da Idade Média, entre 1.400 e 1.500 d.C. A novidade é o enfoque na tese de que o Sudário teria sido fabricado por Leonardo da Vinci (portanto, durante o século XVI), sob encomenda. O rosto que aparece na mortalha seria do próprio Leonardo.

Tudo bem, pode ser. Não é uma hipótese absurda. Em todo caso, o que importa é que, se o Sudário fosse verdadeiro, então todos aqueles que dizem ter visto Jesus teriam como reconhecê-lo.

Eu quero dizer: se um rosto aparece em uma batata frita, por que sabe-se com certeza que é Cristo? Esta é uma pergunta que sempre me fiz. A resposta é óbvia para qualquer católico: porque este rosto é o mesmo do santo sudário, ora!

Craro, craro. Óbvio ululante, como diria o Nelson Rodrigues.

Mas a verdade é que eu não tinha percebido isso.

Monday, October 31, 2005

Não tô tintino nada

Uma discreta homenagem aos videntes, bruxos, curandeiros e quetais, no Dia das Bruxas:

O vidente/cartomante Kevin Miles é dono de um quiosque em um shopping, onde lê a sorte dos desavisados.

Uma mulher achou que o quiosque era obra do demônio. Ao invés de se manter a quilômetros de distância, julgou-se moralmente compelida a enfrentá-lo: atacou o homem, munida apenas de uma garrafa de refrigerante.

"Você não se diz vidente?", gritou ela, acertando a cabeça do homem com a garrafa. "Por que não previu isso?"

Kevin Miles previu que chamaria a polícia.

Eu prevejo uma Idade Média acordando de um longo sono reparador.

Vejo ainda que essa mulher tem filhos. E marido.

Sunday, October 30, 2005

Uma sereia perdeu a cabeça

Sim, uma sereia perdeu a cabeça... e nós achamos.

Já pensou em adquirir uma cabeça de sereia legítima?

É claro que sim. Quem nunca desejou ter uma sereia em casa, com olhos que brilham no escuro, dentes de tubarão e escamas? Imagine. O verdadeiro elo perdido entre o homem e o peixe.

Pois agora pode ter. O e-bay está vendendo uma cabeça-de-sereia que, diz-se, foi encontrada em uma praia da Florida.

Infelizmente, há alguns inconvenientes que você terá de superar antes de realizar seu sonho:

1. Ela não chega a ser encantadora. Dê uma olhada nas fotos e confira.

2. A oferta é só para americanos.

Saturday, October 29, 2005

Ai, Jesus

E por falar no homem, lá vem ele outra vez.

Agora resolveu deixar sua marca na parede de um banheiro.

Acho que Michael Jackson e outros decadentes da mídia deviam seguir a Jesus ou ler a Imitação de Cristo.

Friday, October 28, 2005

Jesus está voltando

Depois da batata frita, do pão, da pedra e das formigas de Cristo, agora é a vez do Jesus da árvore.

Sim, Jesus está voltando: sempre voltando a aparecer em lugares inusitados. Desta vez, seu rosto foi identificado em um tronco de árvore.

Clique no título e observe a árvore. É claro que não há um rosto humano ali, a não ser que queiramos vê-lo.

Mas o fundamental, o que realmente me intriga nesse tipo de história, é o seguinte: supondo que haja um rosto na árvore, por que tem-se tanta certeza de que é mesmo Jesus? Pode ser o capeta, não pode? Eu quero dizer, o capeta disfarçado. Pode ou não pode?

Será que acham que é Jesus só porque o homem está de olhos fechados e tem barba?

Thursday, October 27, 2005

Descarnaram Colombo!

Se você acha que eu quis dizer "desencarnaram Colombo", sugerindo que ele foi assassinado, enganou-se. Até onde sabemos, Colombo não foi desencarnado. Ele foi descarnado.

Pensando melhor, Colombo foi descarnado e desencarnado... Ou devo dizer que ele está desencarnado? Ou que é desencarnado?

Não importa. De qualquer modo, Colombo foi descarnado.

O descarnamento é uma antiga prática de sepultamento que consistia em retirar toda a carne do cadáver. Na época, essa técnica era bastante comum e restrita a famílias nobres ou figuras ilustres.

O esqueleto de Colombo foi descarnado porque ele queria ser enterrado no Caribe. Transportar um cadáver durante meses em um navio representava um perigo para a tripulação. Assim, quando um cadáver precisava ser transportado a longas distâncias, usava-se o recurso do descarnamento.

Essa mesma técnica impediu o exame de DNA dos restos mortais do genovês, para eliminar ou confirmar os fortes indícios de que ele seria um judeu oriundo de família rica, nobre e catalã, precisamente de Barcelona. Bem ao contrário do que diz sua biografia oficial.

Wednesday, October 26, 2005

Sempre pode ser pior

Nossa, está passando Godzilla no Telecine Classic. Pensei que essas coisas não existiam mais. Lembrei do Ultraman, do Ultraseven, do Changeman, dos Cavaleiros do Zodíaco, do Jaspion. Tão ruim quanto. Tão ridículo quanto.

Mas já entendi: isso tudo faz parte de uma campanha publicitária maquiavélica, muito bem planejada e arquitetada para nos fazer apreciar os filmes de terror japoneses.

Tem lógica. Depois do Jaspion, do Ultraman e do Godzilla, só para citar alguns, quem pode dizer, em sã consciência, que o terror japonês é ruim?

A resposta sensata só pode ser "depende".

Se você planeja gostar do cinema japonês de terror em algum lugar do futuro, esqueça tudo o que leu a respeito. Basta ouvir a trilha sonora do Ultraseven, e o mundo torna-se um lugar melhor de se viver.

De um jeito ou de outro.

Tuesday, October 25, 2005

Que venha o dragão, ora

Já dizia o rei Salomão: melhor dormir com um dragão que com uma mulher rixosa.

O argelino Ahmed não tem dúvida de que Salomão era mesmo sábio. Ele foi sentenciado a nove meses de prisão domiciliar e uma semana depois já estava pedindo revisão da pena: queria ir para a cadeia.

Preferiu o dragão.

Monday, October 24, 2005

Quanto pesa o mundo?

Não sei, mas o que interessa neste link é o jogo de montar o sistema solar. Educativo. Divertido. Com três níveis de dificuldade. No primeiro, temos de colocar os planetas em ordem. No segundo, as luas (Júpiter tem cinco - o céu deve ser belo em noite de lua cheia) e, no terceiro, os telescópios.

Há ainda o jogo da invasão de ET´s. Se você anda triste porque nenhum disco voador pousou em seu quintal, experimente esse jogo. Ele não ajuda em nada.

Sunday, October 23, 2005

Era uma vez

Era uma vez um homem bom, simples, honesto, fiel, sincero e desejoso de se dar bem.

Era uma vez um deus bom, simples, honesto, fiel, sincero e desejoso de se dar bem.

Um dia eles se encontraram. Foi amor à primeira vista. Uniram-se para nunca mais se separar.

Fizeram um pacto de amor eterno e ajuda mútua.

Disse o homem: "Amigo, livre-me do diabo, da dor, de toda sorte de infelicidade, da má fortuna e principalmente de mim mesmo. Se fizer isso, prometo continuar sendo seu amigo".

Disse o deus: "Amigo, livre-se de si mesmo, e serei sempre seu melhor amigo".

Eles se abraçaram e selaram o acordo. Combinaram que o pagamento seria feito assim que a compra fosse efetivada.

Mas eis que algo aconteceu, o homem foi preso e condenado. O negócio não vingou.

Enganado, aviltado, chorando a inocência perdida, o homem foi à justiça e processou o deus por quebra de contrato, traição, abuso e tráfico de influência. O acusado ainda se encontra foragido.

E assim viveram, condenados à infelicidade eterna. O homem e o deus.

Friday, October 21, 2005

Após a orgia

Se fosse caracterizar o atual estado de coisas, eu diria que é o da pós-orgia. A orgia é o momento explosivo da modernidade, o da liberação em todos os domínios. Liberação política, liberação sexual, liberação das forças produtivas, liberação das forças destrutivas, liberação da mulher, da criança, das pulsões inconscientes, liberação da arte. Assunção de todos os modelos de representação e de todos os modelos de anti-representação. Total orgia de real, de racional, de sexual, de crítica e de anticrítica, de crescimento e de crise de crescimento. Percorremos todos os caminhos da produção e da superprodução virtual de objetivos, de signos, de mensagens, de ideologias, de prazeres. Hoje, tudo está liberado, o jogo está feito e encontramo-nos coletivamente diante da pergunta crucial: o que fazer depois da orgia?

Jean Baudrillard, A Transparência do Mal, p. 9.

Thursday, October 20, 2005

Você é obsessivo?

Uma em cada cinquenta pessoas sofre com alguma espécie de comportamento obsessivo. Teste para saber se este é o seu caso.

Não, não tenho nenhuma obsessão. Nem mesmo com testes.

Imagine.

Wednesday, October 19, 2005

Mas que ela se move, move

Em Nápoles uma estátua da Virgem Maria está atraindo peregrinos: ela se move. Milagrosamente.

A idéia é a seguinte: Maria "se torna carne" e move as perninhas "como se quisesse se aproximar dos fiéis".

Só não sei por que ela ainda não saiu andando livremente, ao invés de só ensaiar o passo. Vai ver que a corda é curta.

Tuesday, October 18, 2005

Adivinhe quem veio para o café da manhã

Era uma vez um domingo de manhã, uma família feliz e uma panqueca. Tudo ia muito bem, até que a panqueca foi servida... e ficou melhor ainda.

Adivinhe quem veio para o café da manhã.

Sim, ele mesmo. O Bento. O XVI. O penúltimo papa antes do juízo final. Bento XVI em pessoa, visitando os lares dos fiéis... em forma de panqueca.

E que ninguém duvide do milagre.

Monday, October 17, 2005

Reticências...

Sempre achei... que o excesso de pontuação... dá um tom histérico... ao texto... mas se há algo... realmente irritante... e sem sentido... é o excesso de reticências...

A primeira impressão que tenho... diante de um texto... cheio de reticências... é que o autor... sofre de asma...

Depois penso... que se trata de alguém... que nunca diz nada... diretamente... que gosta de evasivas... de meias-palavras... de segredos...

Insinua um pensamento... que só pode ser... sugerido... nunca dito... ou abre... possibilidades... de interpretação... que supostamente... enriqueceriam... o sentido original...

Mas a verdade... a verdade nua... é que um texto... cheio... de reticências... é apenas... tolo.

Ponto.

Sunday, October 16, 2005

Liberdade ilusória

Todo mundo se considera, a priori, perfeitamente livre, mesmo em suas ações individuais, e acha que pode começar outra maneira de viver, o que apenas significa que pode se tornar outra pessoa. Mas a posteriori, através da experiência, verifica, para surpresa sua, que não é livre, mas está sujeito à necessidade; que, apesar de todas as suas resoluções e reflexões, não altera a sua conduta e que, do começo ao fim da vida, deverá pôr em prática as características que ele próprio condena e, por assim dizer, representar o papel que assumiu, até o fim.

Arthur Schopenhauer, O Mundo como Vontade e Representação.

Saturday, October 15, 2005

Não-Abduzidos Anônimos

Você já foi abduzido por um ET? Não? Então deve estar experimentando o gosto amargo da rejeição. Você é diferente. Por que os aliens não haveriam de querê-lo? O que há de errado com você?

Tudo bem. Agora existe o N-AA (Não-Abduzidos Anônimos) para cuidar de pessoas como você. É uma espécie de AA, mas voltada para a cura dos efeitos psicológicos danosos de ver um disco voador ignorá-lo completamente. Ninguém merece, né?

Esquenta não. Nos Não-Abduzidos Anônimos você pode mostrar toda sua dor e receber o carinho e o apoio de seus iguais. Conte quantas noites passou no telhado, esperando por um pouco de atenção. Conte há quantos anos espera por um olhar, um gesto, um sinal de que você pode ser o próximo.

Acha pouco? Pois aí vem o melhor: você poderá participar da dinâmica de grupo com dramatização para que faça a catarse dizendo a um falso ET tudo o que sempre quis.

Como não sair de lá leve, leve e se achando o máximo?

Se você nunca foi abduzido, azar dos ET´s. Perderam você.

------------------

Sossegue, é tudo uma brincadeira. Hilária, por sinal. Veja o filme no endereço indicado no título.

Friday, October 14, 2005

Relativista, muito pelo contrário

..."A palavra 'relativismo', como muitos termos filosóficos, é ambígua e, conquanto confesse ser um fervoroso relativista em algum sentido, certamente não o sou em outros. Além do mais, mudei de opinião".

Paul Feyerabend, Diálogos sobre o conhecimento, p. 93.

Thursday, October 13, 2005

De novo?

Ai. Acho que estou ficando cansada disso. Jesus, Maria e o diabo a quatro, com todo o respeito, apareceram de novo. E de novo. E outra vez.

Não posso negar que eles são ótimos em se manter na mídia.

Desta vez, apareceram nas pedras do jardim de um tal Robert Hartman. A mãe do fulano chegou a ser surpreendida por uma luz na noite anterior à aparição. A mulher, imagine, reza 15 vezes por dia. Por isso é que anda vendo luz.

Se você quiser ver as imagens, ou se duvida de mim, vá lá. Veja por si mesmo.

Wednesday, October 12, 2005

Burrinhas, mas abençoadas

Que país maravilhoso é o nosso.

Formigas desenharam imagens da Virgem e de seu filho em uma palmeira. O trabalho levou cerca de duas horas e, dizem, elas desenham até bem, mas são muito fraquinhas no português. Escreveram "pas" ao invés de "paz".

Um país em que as formigas pedem paz vai muito mal, mas quando elas pedem "pas", a coisa é desesperadora. Alarmante.

Mas nem tudo está perdido. A falsificação era tão grosseira que não convenceu. As formigas ainda não estão desenhando a Virgem e o Filho do Homem, mas sobretudo ainda não estão pedindo "paz" nem "pás". Elas estão trabalhando. E rezando.

Ah, bom.

Tuesday, October 11, 2005

Urucubaka

Bem disse o maior pensador de todos os tempos, o genial Edob ed Abrab: quando seu cachorro ficar borocochô e chutar a trave, é tudo urucubaka. Com k.

Amém.

Monday, October 10, 2005

Feitiço danado de bom

Feiticeira boa é assim: faz um feitiço que faz qualquer feitiço render lucro.

Uma tal Spooky Margarita Roland, que se diz feiticeira, reclamou e conseguiu a façanha de poder deduzir vassouras e aulas de feitiçaria do imposto a pagar. A dedução será de 2.210 euros, valor relativo aos supostos custos do curso de feitiçaria (que inclui bolas de cristal, poções mágicas e a indefectível vassoura de piaçaba - para varrer o lixo, claro).

Mas o importante nessa história bizarra é que a corte holandesa, país de Roland, reconhece a bruxaria, admite que há custos inerentes ao ofício e, pior ainda, que estes custos devem ser pagos pelo estado.

O que é isso? A virada Idade Média/Idade Moderna ao contrário?

Sunday, October 09, 2005

Hebesta

A entrevista da Veja desta semana é com Hebe Camargo. Não sei explicar porque li, mas valeu a pena. Encontrei estas pérolas:

-- Apesar de liberal, sou muito antiga na maneira de pensar.

-- Minha história é parecida com a da maioria dos brasileiros. Papai tocava música de Bach e Chopin ao violino para me acordar. Mamãe tocava piano de ouvido.


-- (Respondendo se assinaria contrato com a Record): A Record é da Igreja Universal. A minha Nossa Senhora de Fátima (sic) não poderia entrar lá, assim como a minha Nossa Senhora Aparecida (sic). E eu sou muito amiga delas. Não poderia deixá-las na porta. Eu às vezes me pergunto como as igrejas evangélicas conseguem fazer lavagem cerebral em milhares de pessoas.

Minha nossa? Lavagem cerebral?

Imagine. Tá tudo bem.

Friday, October 07, 2005

Teste sua saúde filosófica

Anda estressado? Deprimido? Desinteressado da vida?

Sinto muito, mas este teste não vai te ajudar. Só o deixará ainda mais estressado.

Em todo caso, se seu problema estiver relacionado à saúde filosófica, vá em frente.

Inofensivo.

O teste avaliará seu nível de tensão filosófica em três tempos, e você só terá de dizer "sim" ou "não" a coisas como "Acredito que todos devem ser livres" e "Não pise na grama".

Experimentei e consegui a extraordinária marca de 50% no nível de tensão filosófica. Isto é, a cada duas afirmações que faço, uma está em contradição com outra qualquer.

Puxa. Sinto-me muito melhor agora que sei disso.

Refiz o teste, para ter certeza. Desta vez consegui, com muito esforço, atenção e principalmente cuidado para não me contradizer, meros 55%.

Agora já posso dizer com certeza: há alguma coisa errada com o teste.

Faça o que digo: responda sim a "Acredito que todos devem ser livres" e não a " Não pise na grama".

E então? Coerente?

Thursday, October 06, 2005

Os filósofos e os cães (1)

O cão é o mais ignóbil dos quadrúpedes (...), uma verdadeira imundície de vícios.

Charles Fourier, um homem que conhecia si mesmo.

Wednesday, October 05, 2005

Medo de errar

Descartes: Seria impossível pensar no vazio sem incorrer em algum erro.

É vero.

Tuesday, October 04, 2005

Lizzie Borden

Tente resolver este mistério.

1892. Um comerciante abastado, mas sovina, vive em um sobrado com as duas filhas do casamento anterior e a atual mulher, com quem as filhas não se dão. Além deles, há a empregada e o cunhado que eventualmente se hospeda na casa.

Como fazia costumeiramente, o comerciante saiu para o trabalho de manhãzinha no dia 4 de agosto daquele ano. Logo após, a filha mais velha saiu para visitar uma amiga, em um bairro distante. Pouco depois o cunhado também saía.

Ficaram na casa, naquela manhã, a filha mais nova, Lizzie, a esposa e a empregada. Quando retornou à casa para almoçar, o homem foi morto a machadadas. Há cerca de uma hora sua mulher encontrava-se morta, também a machadadas, em um dos quartos.

A empregada passara a manhã fora da casa, lavando as janelas. Não ouvira coisa alguma, não vira coisa alguma.

A filha mais nova passara a manhã dentro do quarto. Também não ouvira coisa alguma e não vira coisa alguma.

Ambas não tinham vestígios de sangue nas roupas, ou qualquer outro indício de envolvimento nos assassinatos.

Os vizinhos não ouviram nada.

Lizzie Borden foi acusada das mortes, julgada e inocentada por falta de provas.

O que teria acontecido?

.....
Detalhes do novo filme sobre o tema em http://www.imdb.com/title/tt0819363/

Monday, October 03, 2005

Lana caprina

Encontrei um problema absolutamente irrelevante: saber de onde vêm os buracos dos queijos.

Esta é uma questão metafísica que ainda não estou apta a responder, mas já sei que eles são resultado empírico, digamos assim, da atuação de uma bactéria chamada propionibacteria.

No meio do caminho, descobri que "turofilia" significa apreço ao queijo e "turofobia" se refere ao medo de queijo. Será possível?

Saturday, October 01, 2005

Cadê o mar?

Aristóteles, filósofo grego, tinha um argumento muito interessante para provar que a terra é imóvel: um carro de boi, ou coisa que o valha, ao passar por uma poça de lama, espalha a água que carrega com o movimento. Ora, a terra é redonda, como a roda. Logo, se a terra se movesse (novamente, como a roda ao passar pela poça de lama), espirraria a água do mar pelo espaço. Como não há água voando sem rumo pelo céu, é certo que a terra não se move.

Friday, September 30, 2005

Construindo pirâmides

Já imaginou tudo o que envolvia a construção de uma pirâmide, no Egito Antigo? O jogo linkado no título nos dá uma boa idéia do processo.

Você terá de escolher a localização da pirâmide, o material a ser utilizado, o tipo de estrutura, o número de escravos, arquitetos, oficiais etc, etc.

Especialmente interessante é a orientação pelas estrelas.

Aproveite para aprender também a mumificar em http://www.bbc.co.uk/history/ancient/egyptians/mummy_maker_game.shtml

Thursday, September 29, 2005

Reação de Maillard

Por que choramos ao cortar cebolas?

O químico Emiliano Chemello explica. Se entendi, o responsável pela choradeira é um tal propanotial-S-óxido, mas o melhor de tudo é a solução: um tiocomposto. No caso, uma cebola transgênica.

Tudo bem, entendi. Mas não é muito mais fácil, digamos, não olhar? Ou dispensar logo a cebola e substituir por um daqueles copinhos de tempero pronto?

Wednesday, September 28, 2005

Liberdade sub-tropical

É verdade que o clima tem importância, porquanto nem a zona quente nem a zona fria favorecem a liberdade do homem.

George W. F. Hegel

(In Roche & Barrère, Manual de Disparates dos Filósofos, p. 107).

Tuesday, September 27, 2005

Relógios humanos

Eis os homens: relógios; uma vez montados, funcionam sem saber porquê.

Schopenhauer, O Mundo Como Vontade e Representação.

Sunday, September 25, 2005

Dicionário de Acrônimos

Você sabe o que é um acrônimo? Conhece algum?

Sim. Conhece vários, ainda que não saiba.

Se não acreditar em mim, consulte o dicionário de acrônimos linkado no título.

Pesquisei PQP e encontrei Puta Que Pariu (Portuguese, Brazil).

Há outros. Muitos outros.

Saturday, September 24, 2005

Restos do banquete

No momento, tudo isto poderá ter o encanto de um novo molho ou de uma nova safra, mas os restos de todo o banquete acabam por deteriorar-se e as últimas gotas esquecidas no fundo da garrafa são sempre azedas.

Oscar Wilde - De profundis.

Friday, September 23, 2005

Biografia da mentira

Dizem que só conhecemos alguém quando entendemos suas mentiras.

Tente colocar isso em prática. Não dá não.

E se a compreensão também for uma mentira?

Wednesday, September 21, 2005

Coisa de grego (3): o homem invisível

Lembra da série de TV O homem invisível?

E o filme?

E o desenho animado?

Engana-se quem pensa que isto é invenção de Hollywood.

Hades, o senhor do mundo subterrâneo, raramente precisava sair de seus domínios e visitar o mundo governando pelo sol. Mas, quando o fazia, usava um capacete presenteado pelos Cíclopes, que o tornava invisível.

Presente de grego. Coisa de grego.

Tuesday, September 20, 2005

Os deuses ainda devem estar loucos

Caiu algo do céu, lá em Porto Reconquista, um vilarejo argentino, próximo à fronteira com o Uruguai.

Sim, os deuses enviaram uma pedra aos habitantes da pequena Reconquista. Azul, do tamanho de uma bola de futebol. Linda. Apetitosa. Enviada talvez pelos deuses astronautas.

O presente não chega a ser uma coca-cola, mas é uma pedra azul, brilhante, com um líquido no interior. Linda. Apetitosa.

Não chega a ser uma brastemp, mas Reconquista também não é Kalahari.

Enfim. Apetitosa.

A pedra foi lançada de um avião. Os deuses, que habitam pássaros gigantes, concederam esta graça aos mortais: enviaram sua própria urina, misturada a um tantinho de detergente, claro. Detergente azul, claro.

A mistura detergente + urina resultou na cor esverdeada da pedra quando se partiu ao tocar o solo. Cristalizou com a queda. Claro.

Houve quem bebesse o líquido do interior. Claro. Quem vai recusar a urina dos deuses? (aposto que Lacan pensava na urina dos deuses ao falar em dejeto do real).

Ora pois.

Não é que Wilde tinha razão? A vida realmente imita a arte.

Monday, September 19, 2005

Verde que te quero verde

Olha só. Queria saber como se escreve "verde" em latim, talvez porque não tenha nada prá fazer, talvez porque quisesse escrever em latim a frase "a lua é feita de queijo verde". Comecei e terminei no verde. Muito cansativo fazer todos os cálculos: nominativo aqui, segunda declinação, particípio ali, terceira, existia queijo em Roma?, o "de queijo verde" é nominativo porque o verbo é de ligação e o predicado é predicativo? Mas o predicado nominal não é o caso genitivo? Particípio é nome? Se for nome, então o predicado é nominal, daí genitivo. Mas, se não for nome, então o predicado é verbal. Se for verbal, então uso o ablativo? Mas neste caso o que faço com o verbo de ligação?

Ih, já cansei. Preciso disso não.

Mas, procurando o verde latino, fiz uma descoberta: amarelo-esverdeado é galbinus, a, um e cinza-esverdeado, glaucus, a, um. Mas "Galba" não é o nome daquele general que sucedeu a Nero? E "Glauco" não é um nome romano bastante comum?

E aí fui pesquisar de novo, para saber qual é a ligação entre o Galba/imperador e a cor verde. Achei algo ainda mais interessante: Galba, ae significa, entre outras coisas, verme e barrigão. Sim, barrigão. Confira em http://lysy2.archives.nd.edu/cgi-bin/words.exe?galba

A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Quem diria que eu acabaria por saber como se diz “barrigão” em latim?

Mas melhor ainda é saber que nunca vou precisar dessa informação.

Sunday, September 18, 2005

Múmia de pelúcia

Sempre achei belo um fantasma esvoaçante, azul. Belo, mesmo. Estou falando de experiência estética. Simples assim.

Do mesmo modo, sempre achei um esqueleto no mínimo engraçadinho. Gracioso, digamos. Branquinho, magrinho, sorridente... Por que não?

Quando adolescente, só saía de casa acompanhada de um caixãozinho com um esqueletinho dentro, até o triste dia em que deram fim aos dois (ao caixão e ao esqueleto).

Em aula de ciências, quando estudante, o que realmente me fascinava era o esqueleto de um metro. Falo sério! Sempre quis ter um.

Outra belezinha que também acho fascinante é a múmia. Compete em beleza com o esqueleto, mas é mais difícil de encontrar. Se eu tivesse uma múmia, ela não desapareceria misteriosamente como todos os meus esqueletinhos.

Mas dá prá entender: esqueleto todo mundo é, e vai ser mais ainda um dia. Múmia, dificilmente.

Que posso fazer? Gosto e pronto.

Conselho não, tá?

Saturday, September 17, 2005

O pai da idéia

Descobri quem disse que a lua é feita de queijo: foi um tal John Heywood, em 1546.

Heywood era escritor e viveu durante os reinados de Henrique VIII e Maria I. Em uma de suas peças, escreveu que "A lua é feita de queijo verde". A intenção era, obviamente, expressar um sentimento em relação à lua. Mesmo assim a coisa virou mania e, com variações, tornou-se crença. Sim, crença. Já houve tempo em que se acreditava que a lua era mesmo feita de queijo.

Tudo bem, vá lá. Acredita-se em tudo. Só não entendi porque o queijo tem de ser verde.

Friday, September 16, 2005

Prá não dizer que não falei de flores

A propósito ainda de Agostinho: pensando bem, a castidade reduz a população mundial, aumenta os recursos naturais, preserva o meio-ambiente, diminui a criminalidade, reduz a pobreza, torna possível uma distribuição de renda mais igualitária, diminui as filas nos bancos, aumenta o número de vagas nos estacionamentos gratuitos, descongestiona o Orkut, aumenta a oferta de vagas nos empregos públicos e nas universidades e diminui o número de vereadores, deputados e senadores. Resumindo: a castidade é a solução para todos os problemas.

Isso não é uma boa coisa?

Aposto que Fibonacci concordaria comigo.

Thursday, September 15, 2005

Amar é... (2): ser casto!

Aurélio Agostinho, que viveu no século IV de nossa era, tinha um modo bastante peculiar de pedir algo a Deus: quero, mas esperumpoquin.

Agostinho devia achar que, para obter uma graça, seria melhor começar a pedir logo cedo. Isso não significa que Deus não fosse atender, ou que demorasse para ouvir. Pedir desde a infância ou a adolescência para obter a graça na velhice talvez tivesse o propósito de dar-se tempo suficiente para formar a convicção. Quero dizer: agora tenho certeza. Quero mesmo.

Bem, fosse como fosse, o fato é que ele tinha um grande, enorme desejo: o desejo de não ter mais desejo. Ou pelo menos de controlá-lo.

A oração em que o filósofo pede a Deus que o torne casto é digna de nota:

"Eu, jovem, tão miserável, sim, miserável desde o despertar da juventude, tinha-vos pedido a castidade, nestes termos: 'Dai-me a castidade e a continência, mas não ma dais já', temendo que me ouvisses logo e me curásseis imediatamente". (Confissões)

Resumindo: "Senhor, fazei-me casto, mas não já."

Como ele mesmo diz, teve receio de ser atendido.

É.

Faz sentido.

Wednesday, September 14, 2005

A verdade sobre a mentira

Descobri uma verdade inegável: a grande estrela da história da humanidade, especialmente quando o público está envolvido, é a mentira.

Hmmm-hmmm.

Ela está lá, determinando os rumos da história, orientando os políticos, interferindo nas relações entre patrões e empregados, ajudando os filhos a escapar da vigilância dos pais, patrocinando o comércio, a arte, a publicidade, a internet, o casamento, o amor, a religião, o poder.

O bom da história é que, se nem sempre é possível (ou conveniente) identificar a mentira, na maior parte das vezes é possível identificar o mentiroso.

Ah...

A técnica, complicadíssima, tem algumas regras simples, acessíveis a todos nós, pobres mortais, que não queremos ser enrolados por uma conversa pra boi dormir.

A regra mais interessante é o “aumento substancial de "ah" e "hum" enquanto se está a falar”.

Hmmm.

Isso é tão fácil, tão fácil, mas tão fácil, tão absurdamente fácil de identificar, que é risível alguém ainda ter coragem de mentir.

Ah...

Mas o bom mentiroso é capaz de disfarçar o sintoma, certo?

Hmmm.

O importante, se entendi bem, é atentar para o padrão de comportamento e para o conjunto de sintomas.

Em todo caso, identificar o mentiroso é como ver o mundo através da luneta mágica. E depois, sempre haverá alguém ansioso para ouvir mentiras, desde que belas e verdadeiras.

Tuesday, September 13, 2005

Extra... Extra... Extraterrestre!

É um pássaro? Um avião? O superman?

Não! É apenas um ET, que apareceu em uma nuvem após a tempestade, foi fotografado e pode ajudar a enriquecer alguém. Não dá prá ter certeza se vai ajudar muito, porque ET´s não são tão lucrativos quanto Maria, Jesus Cristo ou Alá. Mas deve render uns trocados.

Melhor que nada.

Monday, September 12, 2005

Filosofia engorda

Depois que parei de fumar, uma verdade tornou-se evidente: filosofia engorda.

Ler, ler, ficar sentada lendo e escrevendo, pensando, só pensando, lendo, escrevendo e beliscando alguma coisa, lendo, pensando, escrevendo, lendo, pensando, escrevendo, lendo, lendo de novo, pensando...

Ih. Já engordei só de pensar nisso.

Preocupada com o problema, fiz o seguinte cálculo: cada bombom de trufas tem 500 calorias em média. Cinco em um dia significam 2.500 calorias a mais. Duas horas lendo equivalem a duas horas a menos de academia, o que significa deixar de perder em torno de 400 calorias. Então, se eu deixo de perder 400 calorias, estou ganhando 400 calorias. Assim, se eu passar duas horas lendo um tratado de filosofia e comendo bombons de trufas (apenas por hipótese, claro), eu teria um saldo de 2.900 calorias a mais.

Em uma semana minha dedicação à filosofia seria bastante visível.

Sunday, September 11, 2005

É possível viver sem o MSN

Há vinte nomes em meu messenger, mas nunca falo com todos ao mesmo tempo. Nem é preciso. A metade já é suficiente para me deixar com a sensação de que a internet destruiu a comunicação ao fragmentar as conversas e as relações. No mínimo, perdeu-se a continuidade.

Como é possível manter uma conversa linear, produtiva, interessante, com o programa chamando a cada cinco segundos? Como é possível manter uma conversa que seja realmente significativa se ela é intercalada com nove, dez, onze outras conversas paralelas?

Vai ver que parei no tempo.

É possível viver sem o MSN.

É possível ter amigos sem o MSN.

É possível navegar na internet sem o MSN.

É possível, mas vamos deixar como está.

Saturday, September 10, 2005

The dark side of the moon

A BBC garante que há algo errado com o lado escuro da lua: não é tão escuro assim. Ou melhor, o lado da lua que a terra não vê não é sempre escuro.

Portanto, que ninguém mais se refira ao "lado escuro da lua", mas sim ao "lado às vezes escuro da lua".

Não é por nada não, mas e daí?

Wednesday, September 07, 2005

Aposto que não

Ninguém pode negar, em sã consciência, que Pascal (filósofo, 1623-1662) fosse dotado de grande senso prático e talento natural para o comércio.

O assunto é a crença em Deus (o que, diga-se de passagem, é infinitamente mais interessante e importante que sua existência), que Pascal resolveu com o seguinte raciocínio:

Situação 1: Você crê em Deus e ele existe.
Resultado: Beleza. Você morre e Deus está ali para recebê-lo e recompensá-lo.

Situação 2: Você crê em Deus e ele não existe.
Resultado: Você morre e nada acontece. Claro, se Deus não existe, você morre mesmo. Podia ser melhor, mas tudo bem. É a vida.

Situação 3: Você não acredita em Deus e ele não existe.
Resultado: Nada de trágico aí. Quando você morrer, não terá de prestar contas de coisa alguma, porque terá morrido mesmo.

Situaçao 4: Você não acredita em Deus e ele existe.
Resultado: Ixi. Quando morrer, vai dar de cara com ele. É que, se Deus existe, o inferno também existe, né?

Pensando bem, é melhor apostar na existência. Isto é: melhor apostar na crença. Vive-se bem e, ao morrer, pode-se viver melhor ainda.

Friday, September 02, 2005

Odeio Altman

Sim, eu confesso! Confesso, confesso: odeio Altman, Bertolucci e essa linguagem superfície-imitando-a-profundidade de filmes como Elefante, Aos treze, De olhos bem fechados, Tempestade de Gelo e todos, todos, todos (eu disse todos) os filmes de Robert Altman (evidentemente não assisti a todos, mas isso é só um detalhe).

Eu me refiro àquele tom pretensamente profundo, com diálogos lentos, lentíssimos, pausados, de subjetividades profundamente profundas e frases de efeito substanciais, ditas entre quatro paredes, secretas, verdadeiros espelhos da alma, bem ao estilo "gostaria de ver meu namorado em um vestido", vindo do fundo da alma, compreende?

Pois é. Se o modo como falamos revela o modo como raciocinamos, vai ver que o modo como expressamos nossos pensamentos diz da profundidade destes pensamentos. Altman deve achar que um filme lento, monolítico, de diálogos-monólogos intercalados com longos períodos de silêncio (pra que a gente perceba que as personagens estão pensando) é, por isso mesmo, pleno de conteúdo.

Águas paradas são profundas, certo?

Errado. Isto é exceção.

Alguém pode, por caridade, informar ao Altman o que até um mosquitinho da dengue sabe?

Thursday, September 01, 2005

Samara envelheceu

Que pena. Hoje, só se faz filmes como antigamente.

Lembra daquela garotinha emburrada, de cabelos desgrenhados, mazinha, invencível e morta, bem morta, de O Chamado?

Pois é. Acredite: Samara saiu da TV, envelheceu, virou mãe e foi morar no telhado/sotão de uma casa, junto com o filhinho, onde se divertem do único modo que sabem: assustando e matando.

A musa japonesa está em O Grito, em nada diferente de O Chamado. Ei-la novamente: o mesmo cabelão embaraçado, o mesmo temperamento obstinado, a mesma história sem pé nem cabeça que termina assim mesmo: sem pé nem cabeça.

É verdade, há duas vantagens em O Chamado: os simbolismos na fita VHS que ninguém pode ver e a cena em que Samara sai da TV.

Eu gostaria de saber que fixação é essa dos japoneses por crianças e mulheres de cabelos desgrenhados. De onde vem?

Fiquei pensando, já que não tenho mesmo o que fazer: a morte, para os japoneses, deve ser implacável como a vingança da mulher, irracional como o cabelo desgrenhado das Samaras e inconsequente como a criança brincando de cabra-cega.

E já que fui tão longe, atrevo-me a ir mais longe ainda: Samara voltará. Não em O Chamado 2; não em O Olho 2; não em O Grito 2, mas na pele da velhinha de noventa anos, inválida, que os filhos jogaram escada abaixo em protesto contra a lei que proíbe aos filhos abandonar seus velhos à própria sorte no alto da montanha e, em prostesto também pelo fim da montanha, esquartejaram e guardaram os restos mortais da velhinha embaixo da pia da cozinha. Indignada, a velhinha tornou-se ódio. Vai matar qualquer um que abrir a torneira. Qualquer torneira. Claro, haverá sempre alguém com medo de abrir uma torneira depois de assistir ao filme.

Ainda bem que a casa está abandonada. Mas, que pena!, lá vem alguém chegando de mala e cuia.

E acabei de criar o próximo filme japonês de terror.

O triste é que verei. Apesar de tudo, ainda é melhor que Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, Pânico etc etc etc.

Monday, August 29, 2005

Adão, Eva, o paraíso... e o tédio!

Diz o Severino Cemitério:

Sozinho no paraíso, Adão ficou bastante entediado. Para aliviá-lo desse mal, Deus lhe enviou Eva, e os dois passaram a ficar entediados juntos. Então Deus enviou-lhes os filhos e todos se entediaram em família. Povoaram o mundo, e passamos a nos entediar em massa (Soeren Kierkegaard. Either/Or, Crop Rotation).

Ou seja, o tédio entrou no mundo na exata medida da população: quanto mais gente, mais tédio.

Puxa. Ainda bem que o segredo da felicidade é a cegueira!

Sunday, August 28, 2005

Soprando velinhas

Viva! Este é o centésimo post do brogue! Cem posts, cem assuntos, cem dias.

Quando olho para trás e penso em tudo que vivi, tantas emoções...

Não acreditava que iria tão longe.

Mas o bom de tudo é que sopramos as cem velinhas ganhando mais que parabéns ou máximas de presente: meu humildíssimo brogue passou a ser respeitado pelos spammers. E de língua inglesa, ainda por cima.

Quem diria.

Não imaginei que pudesse ir tão longe.

Saturday, August 27, 2005

Espirro, logo não penso

Relendo Pascal, encontrei esta pérola:

O espirro absorve todas as funções da alma, tanto quanto o trabalho, mas não se tiram dele idênticas ilações em relação à grandeza do homem, por ser contra a sua vontade. Embora se provoque o espirro, é contra a vontade que este ocorre; não é provocado por si mesmo, mas com objetivo diferente; e, assim, não há prova de fraqueza e servidão do homem nessa ação. (Pensamentos, 160)

Resumindo:

- O trabalho e o espirro absorvem toda a energia do homem
- O espirro não é uma ação voluntária, ainda que provocada
- Aquilo que é voluntário é sinal de fraqueza e servidão
- Logo, espirrar não é sinal de fraqueza e servidão.

É isso mesmo, ou acabei de surtar?

A propósito, é bom que se diga: nenhuma filosofia do espirro que se preze deve passar pela fisiologia do espirro. De jeito nenhum.

Friday, August 26, 2005

Hamlet titubeou

Estava pensando no dilema de Hamlet: vingar o pai matando a mãe e arcar com as consequências práticas e funestas desta decisão, ou não fazer nada e arcar com as consequências morais da omissão.

Então me ocorreu: e se Hamlet recuasse? E se preferisse herdar o trono? E se o irmão de Ofélia o matasse? E se vingasse o pai e sobrevivesse, o que faria depois? E se ele fosse apenas um louco? E se voltasse para a Inglaterra e abandonasse definitivamente seu país? E se...?

Há um universo de possibilidades aí. Gostaria de explorá-lo.

Bem, a idéia eu já tive. Agora só falta escrever o livro.

Pena que não tenha tempo.

Thursday, August 25, 2005

Os filósofos e a felicidade (2)

Blaise Pascal (século XVII) também tem algo a nos dizer sobre a felicidade:

Quando, às vezes, me pus a considerar as diversas agitações dos homens, e os perigos e os castigos a que eles se expõem, na corte e na guerra, originando tantas contendas, tantas paixões, tantos cometimentos audazes, e muitas vezes funestos, descobri que toda a infelicidade dos homens vem de uma só coisa, que é não saberem ficar quietos dentro de um quarto (Pensamentos, 139).

Ora, ora, quem diria... Tão fácil, tão perto, e a gente nem imaginava! Olhe só:

- Felicidade é saber ficar quieto dentro de um quarto;
- Eu sei ficar quieta dentro de um quarto;
- Portanto, eu sou feliz.

Ainda bem, porque podia ser pior:

- Felicidade é querer ficar quieto dentro do quarto;
- Nem sempre eu quero ficar quieta dentro do quarto;
- Logo, nem sempre eu sou feliz.

Ou, ainda:

- Felicidade é não gostar de ficar quieto dentro do quarto;
- Eu geralmente gosto de ficar quieta dentro do quarto;
- Logo, eu raramente sou feliz.

Sei lá, mas tenho a impressão de que, quando os filósofos se põem a falar em felicidade, tudo está perdido. :-) São muito melhores quando chafurdam no vazio existencial, no nada, na inutilidade da vida, no absurdo, na angústia, no desespero, na ausência de sentido et cetera et cetera et cetera et cetera.

Ou não?

Wednesday, August 24, 2005

Até tu?

Assistnd ao flm "Socied Secrt III" no Telecine, ontem, fiq bast irritada kom as legds. Naum bastasse o flm ser pura prd d tmp, as legds eraum taquigráficas (êta palavrinha fora de contexto!) e o prtgz, prah lah d incipiente (outra palavrinha fora de contexto!). Desanimei. Ow, tv naum eh soh teen naum. Tah crto q u flmin era tp assim mto teen d+, ms nem td neh. rs rs rs rs rs. Entaum q tal fzr legds prah gnt grd tb. Blz????!! k k k k k k k k k k

Km eh q terminou o flmin, mez? Q foi q aconteceu kom os Skull? Naum vi ateh o fim.

Tuesday, August 23, 2005

Os filósofos e a felicidade (1)

Esta é de Schopenhauer (que, como todo bom pensador, também diz asneiras):

Quanto mais o nosso círculo de amigos se restringe, maior é a nossa felicidade: por isso é que os cegos são muito menos infelizes do que pensamos, fator que está na origem da tranquilidade que os caracteriza, bem como no ar plácido que o seu rosto deixa transparecer.

Ora... tá certo que restringir o número de amigos é boa coisa, mas não entendi como é que se conclui daí que os cegos são mais felizes.

O argumento é o seguinte:

- Os cegos são tranquilos,
- Os cegos têm um ar plácido
- Os cegos têm poucos amigos
- A tranquilidade, o ar plácido e o número reduzido de amigos são sinais de felicidade
- Logo, os cegos são felizes.

Puxa.

Nem vou dizer o que estou pensando.

Saturday, August 20, 2005

A dança de Shaw

Dança: expressão vertical de um desejo horizontal.

Bernard Shaw

Friday, August 19, 2005

Crematística

Descobri que o ato de acumular e produzir dinheiro é uma arte, e tem um nome: crematística. Engraçado, porque "crema" em grego quer dizer "coisa útil". Há algo mais útil que dinheiro?

Ah, sim. Aristóteles achava que "crematística" é uma espécie de prática abusiva que gera lucros para poucos às custas de muitos. É. Mas isso é outra coisa. Também tem a ver com o útil, mas é outra coisa, viu?

Wednesday, August 17, 2005

Faculdade de astrologia

Oba! A profissão de astrólogo acaba de ser regulamentada, com direito a carteirinha profissional expedida pelo Ministério do Trabalho e tudo o mais.

Agora já podemos fazer um curso superior em Ciências Astrológicas, quem sabe uma pós-graduação em Mapa Astral, talvez ainda um doutorado-sanduíche em Sinestria no Tibet, com extensão em Tarot em Rizhao, na província chinesa de Shandong. Vai dar até prá aproveitar e visitar um mosteiro budista. Tudo pelo científico, claro.

Wednesday, August 10, 2005

Istópi

Se há algo realmente insuportável na internet é o tal SMS.

Recebo mensagens duas, três vezes por semana dessa porcaria, algumas delas de mim mesma.

É que recebi o convite de pessoa conhecida, fui ao site, digitei a senha do e-mail e puf!, todos os endereços em minha caixa de correio foram anexados a uma espécie de mala direta do site e vão receber, ad aeternum, convites meus para o tal SMS.

A ironia é que, como o endereço de uma de minhas caixas de correio estava em outra, recebo toda semana convites de mim mesma para mim mesma. Demais, né?

Sim, já tentei, mas não consigo acessar o site para apagar o convite. É que me pedem a senha novamente, entende? Aí eu desisto. :-))

Tuesday, August 09, 2005

Bacon e o Dia da Geladeira

Lembro de um episódio da antiga “Família Dinossauro”, em que alguém propõe que seja criado o “Dia da Geladeira”, em homenagem à invenção que tornou mais fácil a vida dos carnívoros.

Eu penso que a data deva ser comemorada todo 9 de abril, data da morte de Bacon.

Sir Francis Bacon, lord inglês, filósofo-cientista, morreu em 09 de abril de 1626, aos 65 anos, mas a associação de Bacon com a geladeira vai muito além do óbvio: ele é o pai da idéia.

Bacon havia percebido que a carne de animais mortos, quando coberta pela neve, resistia algum tempo à putrefação. Ele imaginou que, se fosse possível conservar a temperatura baixa em uma espécie de câmara escura, os alimentos poderiam ser melhor conservados.

O que fez, então? Recheou de neve uma ave morta. Parece que ele pretendia calcular quanto tempo a carne resistiria à decomposição. Durante o experimento, Bacon apanhou um resfriado que acabou por matá-lo em poucos dias.

Não é no mínimo curioso que o mártir da geladeira seja um Bacon?

.................................................................

Em tempo: A geladeira foi inventada por Carl von Linde em 1876. Para maiores informações, clique no título deste post.

Monday, August 08, 2005

Perguntinha básica (2)

Por que espera-se que a TV ensine e a sala de aula divirta?

Foi Deus quem quis assim

Impagável:

Homem, tu és senhor.
A mulher é tua escrava,
pois Deus assim o quis.

(Aurélio Agostinho)

É vero...

Sunday, August 07, 2005

Melhor revezar

Estava pensando... Se alguém inventasse a pílula da felicidade, o que aconteceria?

- Os médicos passariam a ter um número reduzidíssimo de pacientes;
- As farmácias praticamente fechariam as portas;
- As academias de ginástica ficariam vazias – quem se preocuparia em manter a forma, se a promessa de felicidade não fosse o prêmio?
- Os parques de diversão iriam à falência;
- Os circos virariam história;
- Os psicólogos perderiam o emprego;
- A indústria de cosméticos desapareceria da face da terra;
- A televisão perderia 99,9% de sua utilidade;
- Ninguém mais estudaria;
- Não haveria trabalho;
- Não haveria guerras;
- Schopenhauer, o pessimista, seria o maior filósofo que já existiu... Para estabelecer o contraditório e salvar o imaginário, entende?

Quem é que dizia mesmo que este é o melhor dos mundos? Ah, sim, o Pangloss...

Não é que ele tinha razão?

Saturday, August 06, 2005

Claro que é só luz

Tentou uma nova dieta, sem resultado? Experimentou terapias alternativas e nada? Jejuou, rezou e não emagreceu? Alegre-se! Eu tenho a solução definitiva para seu caso: você só precisa virar um ser de luz. Natural, claro.

Seu alimento, a partir de agora, será o prana, espécie de energia espiritual obtida através da absorção da luz solar. Funciona assim: você está morrendo de fome. Então se arrasta até um lugar ensolarado, respira profundamente e espera até que a absorção dos raios de sol pela pele te alimente.

Faça tudo sem pressa; saboreie o sol devagar. Se possível, consulte um bom entendedor em alimento solar, para saber a que horas o prato será melhor servido. Mas fique atento. Se perder a hora da refeição, vai passar fome até o dia seguinte.

Ainda não está convencido? Pense melhor. O propósito desta seita é buscar o etéreo, a leveza, a fluidez. E depois, seita é prá isso mesmo: fazer o paraíso chegar logo. Nessa, ele chega em uma semana. Até lá, você ganha a silhueta que sempre pediu a Deus.

Morreu o criptozoólogo

Falando em criptozoologia, aquela pseudociência que procura animais ocultos: morreu, no último dia 4, o homem que procurava o monstro do Lago Ness, vulgo Nessy.

Dan Scott Taylor Jr., o Criptozoólogo, chegou a construir um submarino amarelo (amarelo mesmo!) para procurar o monstro. Achou não. Mas nos fez lembrar dos Beatles.

Friday, August 05, 2005

Problemata esotérica

Fiquei pensando: se sabemos a data e a hora de nascimento do mundo, então já dá prá fazer o mapa astral da criança. Mas então esbarrei em uma dificuldade seríssima: qual é o local de nascimento do mundo?

A pergunta não é boba, não. Olhe só: o local de nascimento do mundo não pode ser no mundo, porque o mundo não existia antes do mundo existir, compreende? Pois então. O lugar teria de ser em outro lugar. Mas como poderia ser em outro lugar se todo lugar que há e pode haver está no próprio mundo, que está acabando de nascer?

Isto significa, então, que o lugar foi criado junto com o mundo e com o nascimento. Eu quero dizer: antes do mundo nascer, ninguém nascia. O mundo foi o primeiro, então com ele nasceu também o nascimento, no sem-lugar que deu lugar ao nascimento do lugar. Agora ficou mais claro?

Sendo assim, o problema todo pode ser resolvido de um modo bastante simples e, eu diria, até simplório: o mapa astral do mundo não pode ter as coordenadas do local de nascimento. Isto significa dizer que não é possível fazer-se um mapa astral preciso da criança.

Tudo bem. O que salva a lavoura é que já podemos saber se o mundo é taurino, capricorniano, canceriano etc. Onde nasceu, nunca saberemos, mas o bom da história é que isso nunca será um problema. No máximo, uma problemata.

Thursday, August 04, 2005

Não me convidaram prá essa festa

Perdemos a chance. No último dia 23 de outubro devíamos ter feito uma grande festa de aniversário, com bolos, balões, “parabéns pra você” e tudo o mais.

Quantas primaveras? Seis mil. Seis mil velinhas no bolo. Seis mil anos. 3.990.000 dias (sem contar os bissextos, mas deixa pra lá).

Quem seria esse aniversariante que completou 6.000 anos no último dia 23 de outubro? Quem nasceu em 23 de outubro de 4004 a.C., exatamente às 9 horas da manhã?

Muito bem, você acertou! Fácil essa, né? Quem nasceu há 6.000 anos atrás não foi o Raul Seixas, foi o mundo. Não o planeta, não a espécie humana, mas sim o mundo, o universo, tudo o que existe: 23 de outubro de 4004 a.C. às 9 da manhã!

Quem garante a data é o irlandês James Ussher, em livro publicado em 1654.

Aceito a data; vá lá. Mas não percebo o que teria levado Ussher a concluir que o mundo foi criado às 9 da manhã. Tá, entendo que o mundo precisaria ser criado durante o dia, em função da luz natural, mas por que às 9 exatamente?

Tuesday, August 02, 2005

Eu, tu, eles e o cão

Assim não dá.

Sou obrigada, por força das circunstâncias, a falar de Kierkegaard outra vez. O Severino Cemitério, lembra? É que fica difícil resistir. Gosto demais.

Enfim. Estive lendo recentemente o livro The Present Age (na verdade, um artigo um tantinho extenso) e encontrei uma passagem particularmente interessante e atual. Eu poderia resumir o livro dizendo que se trata da análise das relações entre o indivíduo, o público e a imprensa.

Kierkegaard diz o seguinte: o público tem um cãozinho de estimação, a imprensa, cuja função primeira é diverti-lo. Quando alguém tenta ser diferente, o público manda o cachorro atacá-lo. Quando se entedia, ordena ao cachorro que pare, e tudo volta ao normal.

E conclui: é assim que o público nivela.

Monday, August 01, 2005

Faraós e arraiolos

Encontrei esta passagem no tratado sofista anônimo Dissoi Logoi (ou Duplos Argumentos), escrito em torno de 400 a.C.:

"(17) Os Egípcios não consideram apropriadas as mesmas coisas que os outros povos: em nosso país observamos que convém às mulheres bordar e trabalhar , mas no deles é decente que os homens assim o façam; às mulheres, convém fazer o que os homens fazem em nosso país."

Esquisito... A passagem diz claramente que no Egito de 400 a.C. os homens bordavam e as mulheres cuidavam do mesmo que os homens gregos, ou seja, da guerra e da política.

O autor do tratado pretende defender o relativismo cultural, ao modo do que Heródoto já havia feito na História. Para comprovar sua tese, ressalta a diferença de costumes entre os gregos e os demais povos. É de se supor, portanto, que estivesse falando não somente do que era tido como verdadeiro, mas também sabido e notório.

Mesmo assim, é no mínimo bizarro supor que no Egito Antigo as mulheres lutassem ou governassem, e que os farós ficassem em casa (leia-se nos palácios) bordando. Não, não. Há alguma coisa errada aí.

Vai ver que a solução do mistério encontra-se no significado de "bordar".

Besta sou eu

Há pouco tempo atrás me aconteceu o máximo da coincidência: em pleno Carnaval, lá estava eu, aproveitando o feriado para lavar roupa. É, pois é. Lavar roupa. Acontece. Enfim. Continuando, pleno Carnaval e lá estava eu, no tanque, ouvindo rádio.

Lá pelas tantas, irritadíssima com a programação da rádio, que só tocava samba, pensei: “que festa besta; que coisa besta ficar cantando, dançando e caindo de bêbado; que gente besta, que música besta, que rádio besta!”. E a rádio começou a tocar “Besta é tu, besta é tu”...

Juro que aconteceu exatamente assim. Pensei: pior. Besta sou eu, que ao invés de me divertir no Carnaval, vou para o tanque... Besta sou eu, que devia ter colocado um CD pra tocar; besta sou eu, que fico aí, trabalhando em feriado e achando que besta é quem se diverte. Bem merecido. Quem mandou ser besta?

Sunday, July 31, 2005

Não inventa

Depois que escrevi o último post, fiquei pensando: se fosse eu montando um álbum de fotografias do zoológico, as fotos estariam dispostas em uma certa ordem, classificadas conforme o assunto e com um código específico, de forma a que eu pudesse visualizar exatamente em que seqüência do álbum se encontra cada foto, sem precisar abri-lo. O código seria o seguinte: Z (para Zoológico, diferenciando de F – Família, A – Amigos, E – ex-namorados, e assim por diante), m para mamíferos (diferenciando, claro, de a – aves, r – répteis etc.), p para paquiderme e, por último, a letra correspondente ao nome do animal específico (por exemplo, e para elefante), seguido de uma numeração, caso houvesse mais de uma foto para cada animal. Assim, cada fotografia traria no canto inferior direito uma etiqueta com um código semelhante a este: Zmpe1. Pronto!

Se alguém me perguntasse onde está a foto da jaguatirica, eu teria imediatamente a imagem mental Zmfj e poderia informar no mesmo instante. Não seria ótimo?

Isso tudo, claro, com uma listagem digitalizada, que eu pudesse imprimir sempre que necessário, e que funcionasse como índice para o álbum. Assim ninguém precisaria sequer me perguntar coisa alguma. Bastaria checar a listagem.

É... Ter um álbum de fotografias dá trabalho.

Ainda bem que o álbum não é meu.

Saturday, July 30, 2005

Posso perguntar qual é a sua graça?

Definitivamente, minha irmã foi animal em outra encarnação.

Conhece alguém que vai ao zoológico só para fotografar os bichos? Acha pouco? E se eu contar que ela montou um álbum de fotografias do zoológico (do zoológico mesmo!), está apoiando uma sociedade protetora dos animais e um dia será vegetariana?

É verdade que ultimamente resolveu que vai fazer um curso para aprender a empalhar animais, mas isto é só um detalhe.

Bem, nessas idas e vindas ela me apareceu com essa lista de nomes de animais pra lá de esquisitos (os nomes) e jura que eles (os animais) existem ou existiram:

Ai-Ai
Ajurucuruca
Alma de gato
Bacurau-tesoura-gigante
Bico-de-lacre
Biturong
Cafezinho
Caga-sebo
Cambaxirra
Carão
Caxinguelê
Cegonha bico de sapato
Corruíra
Cucuruta
Cuiú-cuiú
Cuxiú preto
Dasiurídeo
Diabo da Tasmânia
Formigueiro da lagoa
Fradinho
Fumaça azul
Jamanta
Jaritacaca
Mão pelada
Mejera (ou será “Megera”?)
Mejera-comum
Mumbebo
Opossum
Papa-taoca
Pangolim
Pássaro-do-paraíso-rei-da-saxônia
Patativa do brejo
Peixe-gato de vidro
Peixe-gato invertido
Pequena lavadeira
Picanço
Piriquitambóia
Ptármiga
Quaquica
Rabo ruivo
Saíra apunhalada
Saracura-três-potes
Socó-dorminhoco
Ticódromo
Tirano do paraíso
Trinca-ferro
Trinta-réis
Triste-pia
Tuim
Ventoinha
Vira-pedra

Sunday, July 24, 2005

Só queria entender

Alguém pode me explicar por que todo mundo acha interessante que a palavra “saudade” só exista em português? Não consigo entender qual é a graça nisso. “Porta” também só existe em português, assim como “laranja”, “rascunho”, “estojo” e uma infinidade de outras palavras.

O que faz com que “saudade” seja diferente de “porcaria”? Pensei: talvez seja porque “saudade” não tenha tradução ipsis litteris e “porcaria” tenha. Será? Mas traduzir “saudade” pelo sentido “miss something” não dá exatamente no mesmo? Juro que não entendo.

Em todas as línguas há palavras que são muito próprias da cultura a que servem, ou seja, são produto de uma visão de mundo, com suas singularidades e idiossincrasias.

Por que, no caso de “saudade”, isso é tão extraordinário? Alguém me explica?

Saturday, July 23, 2005

Ah, o amor!

Como meu HD pifou, perdi arquivos e estou muito p. da vida, tenho o pleno direito de descontar em alguém.

Pois está decidido: será em Platão.

Então. Aproveitando a onda de denuncismo, também quero fazer uma denúncia muito séria e verdadeira: PLATÃO ESCREVIA POEMINHAS... ROMÂNTICOS!

Ora, ora... Suspiros apaixonados de um filósofo nada platônico.

Taí a prova, pra quem quiser ver.

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(29) No quarto livro de sua obra Da Luxúria dos Antigos, Aristipos diz que Platão era apaixonado por um rapaz chamado Aster, que estudava astronomia junto com ele, e também por Díon, mencionado acima, e ainda, como dizem alguns autores, por Faidros. Evidenciam o seu amor os epigramas escritos por ele sobre essas pessoas:

“Olha os astros, meu Aster! Ah! Se eu fosse os céus para contemplar-te com muitos olhos!”

E outro:

Entre os vivos, Aster, brilhavas como a estrela matutina; agora, morto, que brilhes como a estrela vespertina entre os finados!”

(30) E, para Díon o seguinte:

As Parcas decretaram lágrimas a Hecabe e às mulheres de Ílion desde o seu nascimento. A ti, entretanto, Díon, que conquistaste a vitória em belas iniciativas, os deuses reservaram amplas esperanças. Jazes na pátria imensa, honrado por teus concidadãos, Díon, tu que deixaste meu coração louco de amor”.

(31) Dizem que este último epigrama foi gravado sobre a tumba de Díon em Siracusa. Consta ainda que, estando enamorado de Aléxis, e também de Faidros (já mencionado), Platão compôs o seguinte epigrama:

Agora que eu disse ‘Somente Aléxis é belo’, todos o contemplam e por onde passa ele é olhado por todos. Por que, meu coração, mostrar o osso aos cães? Depois sofrerás. Não foi assim que perdemos Faidros?”

Platão também possuiu Arqueanassa, para quem compôs o seguinte epigrama:

Possuo Arqueanassa, cortesã de Colofon; até em suas rugas pousa o amor picante. Ah! Infelizes que colhestes a flor de sua primeira viagem, por que chamas passastes!”

(32) Ele compôs este outro epigrama sobre Agaton:

Enquanto beijava Agaton eu tinha a alma nos lábios, como se ela quisesse – infeliz! – passar por ele!”

E outro:

Lanço-te esta maçã, e se queres realmente amar-me, recolhe-a e deixa-me provar a tua virgindade. Se não pensares assim – que isso não aconteça! – recolhe igualmente a maçã e vê como é breve a beleza!”

E ainda este:

Sou esta maçã, lançada por quem te ama; cede, Xantipe, pois ambos nascemos para fenecer”.

(Diógenes Laércio – Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres. Brasília : UnB, 1977, p. 92 e ss)

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Quem nunca escreveu um poema, que atire a primeira pedra.